O consumidor paranaense nunca pagou tão caro pela carne bovina como este ano. Segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (Seab), nos últimos 12 meses alguns cortes tiveram aumentos de até 57,5%, como é o caso do quilo da costela, que subiu de R$ 4,71 para R$ 7,42.

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Quem mais sentiu este impacto no bolso foi a população mais carente, já que as carnes de segunda foram as que registraram a maior alta. O quilo da carne moída, por exemplo, aumentou 51,4%, de R$ 4,92 para R$ 7,45.

Enquanto o do mignon teve o menor acréscimo no período: 18,6%, custava R$ 19,74 e foi para R$ 23,43. O técnico do Deral, Adélio Riberio Borges, explica que os preços subiram porque houve uma redução da oferta de gado para o abate. Nos últimos dois anos o Paraná perdeu cerca de um milhão de cabeças.

Para entender a alta no preço da carne é preciso lembrar como andava o cenário da criação de gado para abate em 2003. Adélio explica que os produtores estavam tendo dificuldades porque os custos de produção estavam altos e os valores pagos pela arroba do boi não cobriam os gastos.

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Para conseguir saldar suas dívidas os pecuaristas foram se desfazendo das fêmeas, reduzindo o número de matrizes. Resultado: menos gado no pasto. Em 2006 eram cerca de 10,3 milhões de cabeças e em 2008 baixou para 9,4 milhões. Para a recuperação do plantel seriam necessários pelo menos mais uns três anos.

Outro fato que agrava o problema é o período de entressafra, que começa em junho e só termina em dezembro. Devido ao inverno há uma redução no pasto disponível para o gado, diminuindo a oferta do produto e elevando os preços. Em anos anteriores, no período de safra, que vai de dezembro até junho, o preço da carne ainda conseguia se manter estável, o que não ocorreu este ano.

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Em abril e maio, auge da safra, os preços deveriam estar mais baixos, mas a arroba do boi gordo paga ao produtor teve uma escalada. Passou de R$ 68,54 em janeiro para R$ 85,18 em junho. Só no mês passado é que houve uma pequena queda, a arroba caiu para R$ 84,62. Mas a alta acumulada nos últimos 12 meses foi de 42,9%.

Para Adélio, o preço pode se estabilizar no próximo mês, já que aumenta a oferta de carne no mercado com a chegado do gado que estava no confinamento e, também, do gado criado em pastagens de inverno, que será vendido para ceder espaço para a soja. Em dezembro começa o período de safra, sendo mais um estímulo para a estabilidade do setor.

Segundo Adélio, a recessão mundial ainda não afetou o mercado da carne. Ele explica que o Brasil vende o produto para mais de 150 países e a maioria são estados emergentes, que não estão no olho da crise como Estados Unidos e União Européia.

Segundo o diretor da área de restaurantes, buffets e casa de eventos do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Curitiba (Sindotel), Júlio César Hevel, os comerciantes estão fazendo o máximo possível para não repassar os custos para os consumidores. “Fui num restaurante que tinha rodízio e pedi maminha. Mas disseram que tiveram que tirar do cardápio para não ter que aumentar o preço”, exemplifica.

Vacinação contra a aftosa

AEN

A Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná inicia no dia 1.º de novembro a segunda etapa da campanha estadual de vacinação contra febre aftosa, que se estende até o dia 20.

Nesse período deve ser vacinado todo o rebanho de bovinos e bubalinos (búfalos) do Estado, estimado em 9,5 milhões de cabeças. Para cada animal não vacinado, o produtor poderá ser multado em R$ 81,43, além de ter que vacinar posteriormente.

O secretário Valter Bianchini pede o envolvimento e o comprometimento do produtor rural com a campanha para que seja atingida a meta de imunizar 100% do rebanho.

O lançamento oficial da campanha vai ocorrer no próximo dia 31, no município de Santo Antonio da Platina, Norte Pioneiro. Para Bian,chini, apesar dos momentos de crise econômica e instabilidade de mercado, a sanidade agropecuária é fundamental para que os produtos paranaenses possam ser comercializados.

“Mesmo num cenário de dificuldades temos de dar as condições para a continuidade do crescimento do mercado nacional e internacional”, afirmou. Neste ano, as exportações paranaenses de carne bovina cresceram 383% no faturamento e 162,36% no volume. De janeiro a setembro de 2008 foram exportadas 19,5 mil toneladas de carne in natura e o valor de exportação atingiu US$ 68,4 milhões.