Captação e exportações derrubam o dólar

São Paulo (AG) – Com uma queda de 0,78% o dólar fechou com novo recorde nesta quarta-feira. A moeda americana terminou o dia valendo R$ 2,408 na compra e R$ 2,410 na venda, o menor valor desde 3 de maio de 2002. A presença firme dos exportadores e a notícia de mais uma captação externa feita pelo Tesouro Nacional ajudaram na apreciação do real diante da moeda americana. Para os analistas, a cotação poderá cair abaixo de R$ 2,40 nos próximos dias, se nenhum fato novo acontecer. Na mínima registrada nesta quarta, a cotação de venda chegou a R$ 2,406 (-0,95%).

O anúncio da emissão de bônus globais do Tesouro Nacional, com vencimento em 2034, foi recebida logo pela manhã. Com a captação de US$ 500 milhões, o Tesouro está próximo de completar o cronograma de emissões deste ano, calculado em US$ 6 bilhões. Faltam US$ 600 milhões. Esta foi a segunda emissão soberana realizada este mês. A última aconteceu no dia 10, quando o Tesouro vendeu outros US$ 500 milhões em bônus de 14 anos (vencimento em 2019).

?Esta quinta-feira é feriado por aqui e é provável que a sexta-feira será quase um dia não-útil. Segunda-feira será feriado nos Estados Unidos (Memorial Day), o que tornará o nosso mercado retraído. E na terça, final de mês, será o dia da ?Ptax?. Tudo leva a crer que a pressão será para apreciar o real?, disse Sidnei Moura Nehme, diretor da corretora NGO.

Nehme e outros analistas acreditam que o dólar deve continuar sem ?defesa? nos próximos dias, a contar pelo atual quadro. A captação do governo ajuda a incentivar operações da mesma natureza no setor privado, o que leva a novas depreciações do dólar. Mas mesmo com o dólar em forte queda, as exportações superaram as importações em US$ 943 milhões na terceira semana deste mês.

A atuação do Banco Central na ponta compradora de dólares é apontada por vários analistas como o único fator de curto prazo que poderia barrar a queda das cotações. O BC, no entanto, avisou que vai continuar ausente do mercado, sem comprar dólares ou vender ?swaps invertidos?, como fazia até março.

As projeções dos juros negociadas na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) fecharam em baixa, acompanhando a tendência do dólar. O Depósito Interfinanceiro (DI) de outubro fechou com taxa de 19,81% ao ano, contra 19,88% do fechamento de terça-feira. O DI de janeiro, o mais negociado, teve a taxa reduzida de 19,65% para 19,52% anuais. A taxa do vencimento de janeiro de 2007 recuou de 18,12% para 17,97% anuais.

O principal destaque do dia para o mercado futuro de juros foi a aceleração da inflação medida pelo IPCA-15. A taxa ficou em 0,83% em maio, contra 0,74% em abril. O IPCA-15 é uma espécie de prévia do IPCA, índice oficial de inflação. Já a inflação do IPC-Fipe se desacelerou mais uma vez e ficou em 0,50% na terceira quadrissemana de maio, contra o 0,80% anterior.

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