A captação externa de US$ 2,5 bilhões, concluída pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nesta quinta-feira, 26, cumpre as necessidades do banco para este ano, informou o superintendente da Área Internacional, Sergio Foldes. Ele atribuiu a rapidez e o sucesso da operação a dois fatores: alta liquidez do mercado internacional e demanda reprimida por títulos do BNDES, que há três anos não captava em dólares.
“O BNDES sempre foi um emissor bem-visto no mercado internacional e tinha ficado ausente por um tempo. A demanda reprimida foi catalisada porque poucos emissores brasileiros vinham acessando o mercado, que vivia uma volatilidade grande, em função da política monetária americana. À medida em que estávamos prontos para a operação e recebemos a notícia de que a política monetária americana vai continuar mais frouxa, achamos que era uma boa janela e fomos muito ágeis em acessar o mercado”, disse Foldes, referindo-se à decisão do Fedederal Reserve, o banco central norte-americano, de manter a política de estímulos à economia.
Para o executivo, o sucesso da captação do BNDES vai puxar novas emissões de instituições e empresas brasileiras. “A Caixa está precificando operação hoje. Essa janela continua aberta e os emissores estão de preparando para acessá-la”, comentou.
O volume captado pelo banco foi bem superior ao das últimas emissões, que ficaram em torno de US$ 1 bilhão. Foldes reconhece que a entrada dos recursos deve reduzir um pouco a necessidade de aporte do Tesouro, que, segundo admitiu a direção do BNDES, deve ocorrer ainda este ano, para fazer frente ao ritmo de desembolsos. Mas salienta que são orçamentos diferentes. A captação externa atende à demanda dos clientes por financiamentos atrelados à moeda estrangeira. Por isso, ele afasta a possibilidade de novas emissões por enquanto.
“Não trabalhamos com essa possibilidade (de novas captações). Cumprimos nosso objetivo para o ano. A captação depende da demanda de clientes por moeda externa. E foi cumprida para 2013”, declarou.
Para o executivo, foi exagerada a interpretação de que o rebaixamento de risco do banco pela agência de rating Moodys, no final de março, afetaria a capacidade de captação do BNDES no exterior.
“Acho que é uma coisa muito simbólica (o rebaixamento), mas pouco importante. É evidente que a opinião de agências de rating é importante, tem de ser respeitada, mas não pode ser superestimada. O que aconteceu naquela situação é que a Moody’s voltou atrás numa decisão que tinha tomado de considerar o BNDES um risco menor do que o próprio emissor soberano. De fato, se olhar somente o balanço do banco e comparar com outros bancos internacionais, poderíamos estar acima, mas é uma prática normal da agência de rating que qualquer emissor tenha um teto no seu rating dado pelo seu soberano”, disse Foldes.
Ele considerou ousada a atitude da Moody’s de classificar o BNDES acima do risco do Brasil. “Poucos investidores estavam levando o rating do BNDES como superior ao da República como elemento válido no seu processo de decisão”, ponderou.