Os portos de Paranaguá e Antonina estão menos competitivos em relação aos terminais dos estados vizinhos desde o dia 30 de setembro. Isso porque a Capitania dos Portos do Paraná, por motivo de segurança, restringiu a operação de navios no Canal da Galheta, que dá acesso aos dois terminais.
O órgão impediu a circulação de navios com calado acima de 12,5 metros e, no período noturno, estabeleceu um limite de 11,80 metros de calado. Na prática, segundo a Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), a medida acarreta um encarecimento do frete, uma vez que muitos navios terão que cruzar o canal “sem estar carregados plenamente”.
O diretor técnico da ABTP, Luís Resano, aponta que, com a determinação, além do aumento do frete, já que se pagará o mesmo valor para movimentar uma carga menor, os portos paranaenses também poderão ser preteridos pelos navios com o calado máximo de 12,50 metros. “Se o navio demorar para carregar e anoitecer, o custo operacional do armador aumentará em pelo menos 50%, já que será necessário aguardar até o outro dia para sair do porto”, aponta, destacando que o custo operacional médio de um navio varia de US$ 50 mil a US$ 60 mil por dia. “Pernoitar no porto significa, pelos menos, US$ 25 mil a mais no custo e um acréscimo de outros milhares de dólares no frete. Em um mercado altamente competitivo, fatalmente vai diminuir a movimentação de cargas em Paranaguá e Antonina”, aponta Resano.
Soma-se a isso uma outra restrição imposta pela portaria expedida pela Capitania: os navios com calado entre 10,90 metros e 11,80 metros, mesmo no período diurno, só poderão circular em maré cheia (próxima à plenitude).
Apesar de todas as implicações, a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) não acredita que diminua a movimentação de cargas nos portos paranaenses. Quanto ao Canal da Galheta, a assessoria informou que estão sendo tomadas as providências tanto para viabilizar o desassoreamento do local, cuja licença ambiental pode sair nas próximas semanas, quanto no reposicionamento das boias de sinalização, que voltou a ser cobrada pela Capitania dos Portos.
Sobre a exigência relativa às boias, o diretor técnico da ABPT lembra que o índice de eficiência de balizamento é determinante na competitividade dos portos e na segurança do tráfego. “A curvatura acentuada do Canal da Galheta demanda de um cuidado ainda maior com o balizamento para evitar que algum navio encalhe e vaze óleo, por exemplo. Quando isso não ocorre, cai o índice e o preço dos seguros pagos pela carga e pelos navios que ali circulam sobe”, ressalta.
