Capital do boné prevê perdas milionárias

O veto à distribuição de bonés, camisetas e outros brindes nas eleições deste ano deixou Apucarana, no norte do Paraná, em alerta total. A cidade, que produz 5 milhões de bonés por mês em suas mais de 500 confecções fornecendo metade da produção nacional e empregando 8 mil pessoas, prevê grandes prejuízos com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tomada anteontem, de validar a minirreforma eleitoral já para 2006.

Se o conjunto de medidas vai ajudar a moralizar as eleições, ainda é uma incógnita, mas na cidade que vive do boné não se fala em outra coisa: prejuízo financeiro. O presidente da Associação Nacional das Indústrias de Bonés, Brindes e Similares (Anidde), Valdenilson Costa, o Vado, tachou a medida de catastrófica. A entidade, com sede em Apucarana, reúne 97 indústrias de 24 estados.

Vado faz contas, mas não consegue estimar o quanto o setor deixará de faturar com a resolução da Justiça Eleitoral. ?São milhões, muitos milhões?, resume. Diz que a indústria do boné emprega 40 mil pessoas em todo o País e a de camisetas, mais 100 mil. No período eleitoral, de acordo com a Anide, as indústrias de todo o País produzem em média 10 milhões de bonés e 20 milhões de camisetas para os candidatos. A camiseta, segundo Vado, é o brinde mais solicitado.

O empresário Jayme Leonel estima que pelo menos 2 mil empregos temporários deixarão de ser oferecidos e lamenta que 6 milhões de bonés não sairão este ano das fábricas de Apucarana.

A presidente da Associação Comercial e Industrial da cidade, Maria Isabel Lopes, tenta provar que tanto candidatos como eleitores sairão perdendo: ?Bonés e camisetas, além de serem um excelente meio de propaganda, são baratos e úteis.?

A proibição deixou indignados os fabricantes de bonés, que estão em Apucarana para a 2.ª Feira Nacional dos Fornecedores de Matérias-Primas para a Indústria de Bonés, Brindes e Similares (Expoboné), iniciada ontem. A feira reuniu 3,5 mil empresários, até do exterior, em 2005 e em ano eleitoral as expectativas eram dobradas. (AE)

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