Cancelada importação de carne bovina dos EUA

O governo brasileiro suspendeu por tempo indeterminado a importação de carne bovina dos Estados Unidos. A restrição inclui todos os produtos e subprodutos derivados desses animais. Nota divulgada pelo Ministério da Agricultura informou ainda que as licenças já concedidas de importação de carne dos EUA estão canceladas.

Toda a carne que chegar dos EUA ao Brasil, via portos ou aeroportos, será devolvida ao país de origem ou queimada. A medida não terá impacto significativo no comércio bilateral: entre janeiro e outubro, o Brasil só comprou US$ 45 milhões de carne dos EUA. Do ponto de vista comercial, porém, a situação é potencialmente favorável ao Brasil, que é o maior exportador mundial de carne bovina, esperando vender US$ 1,5 bilhão neste ano. Os EUA são grandes consumidores de carne: cada americano come, em média, quase 40 quilos do produto por ano.

A Embaixada dos EUA em Brasília divulgou nota informando que as autoridades daquele país estão em contato permanente com o Ministério da Agricultura do Brasil, para “mantê-los informados sobre novos acontecimentos”.

A secretária de Agricultura dos EUA, Ann Veneman, confirmou anteontem a existência da doença no país. No entanto a informação oficial só foi passada oficialmente ao Brasil na véspera do Natal, dia 24.

Rastreamento

O governo brasileiro ressaltou que os cuidados com a importação de carne contaminada é rotina no país. Em maio passado, quando o Canadá anunciou um caso de vaca louca no Estado de Alberta, o Ministério da Agricultura, por meio do seu departamento de Defesa Animal, rastreou 4.800 animais importados dos EUA desde 1995.

Segundo o governo brasileiro, os EUA abateram 36 milhões de cabeças de gado em 2001 e produziram 11,9 milhões de toneladas de carne. Exportaram o produto, principalmente, para Japão, Coréia do Sul e México.

China também suspende

A China também se uniu ao grupo de países que suspendeu a importação da carne in natura dos Estados Unidos após o primeiro caso relatado da doença da vaca louca no país. Com isso, já são pelo menos 15 o número de países que deixaram de comprar carne norte-americana por conta da Encefalopatia Espongiforme Bovina, conhecida popularmente como “mal da vaca louca”.

“A China vai temporariamente banir a importação dos Estados Unidos de carne e outros produtos derivados. Isto não inclui leite, laticínios, couro e gelatina”, informou o Ministério da Agricultura da China. Antes da descoberta da doença, estimava-se que as importações da carne bovina dos Estados Unidos para a China cresceriam 11% em 2004, atingindo 30 mil toneladas.

A Colômbia, África do Sul, México e Japão – os dois maiores mercados consumidores de carne dos EUA – também haviam suspendido a compra do produto.

Também suspenderam a compra de carne dos EUA, Chile, Austrália, Cingapura, Coréia do Sul, Hong Kong, Malásia, Rússia, Tailândia e Taiwan. O Canadá impôs uma proibição parcial ao produto.

Caso

O caso de encefalopatia espongiforme (nome científico da doença) foi detectado em um animal enfermo no Estado de Washington.

A doença não havia sido detectada nos EUA anteriormente, mas, na década de 90, devastou a pecuária da Europa.

Caso pode trazer benefícios ao Brasil

A suspeita provável do primeiro caso de vaca louca no estado de Washington (EUA), pode aumentar as exportações de carnes do Brasil. A avaliação é do ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, que está em Ribeirão Preto (SP), para comemorar o recesso de Natal.

Ele disse que até a venda de carne bovina para os Estados Unidos é possível. Na onda, as exportações de frangos e suínos, para outros países, também poderão sair fortalecidas, uma vez que a desconfiança das pessoas em relação à carne bovina aumentou demais. “É uma situação dramática para os Estados Unidos. É uma pena que tenha acontecido isso com eles, mas isso pode abrir mercados para o Brasil.”

Apesar da hipótese de incremento das exportações brasileiras, o ministro imagina que o protecionismo sanitário dos países importadores de carne poderá aumentar ainda mais. “O lado negativo é que pode haver um crescimento do sentido protecionista sanitário dos países importadores de carne e que irão criar, cada vez mais, dificuldades para que os países produtores, como é o caso do Brasil, possam avançar seus mercados consumidores”, disse o ministro, numa entrevista por telefone, afirmando que tal situação exigirá do Brasil muito mais rigor e dureza nas questões sanitárias.

Rodrigues afirmou que o primeiro caso da vaca louca nos Estados Unidos pode ajudar também o Brasil a aumentar suas vendas para países como Japão e Coréia, que compram cerca de 60% de toda a carne bovina produzida pelos Estados Unidos. Segundo ele, países como Brasil – atualmente o maior exportador de bovinos do mundo – Austrália e Argentina poderão ganhar mais espaço no mercado asiático. “Ainda há resistência dos países da Ásia em comprar carne do Brasil por causa da aftosa, especialmente na Região Nordeste do país, mas ainda assim há possibilidades de abrirmos mercados na Ásia”, disse.

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