Depois do pleno êxito da 15.ª Festa Nacional do Carneiro no Buraco, ao contabilizar a presença de 150 mil pessoas que passaram no Parque de Exposições de Campo Mourão, durante os seis dias de atrativos, ?a região ficou com a tarefa de realizar o seu maior desafio: tornar-se pólo da cadeia produtiva da ovinocultura do Paraná?, destacou Orlando Pessuti, vice-governador e secretário da Agricultura e do Abastecimento. Segundo Pessuti, a mobilização dos criadores e da agenda técnica, turística, cultural e gastronômica deste evento anual extrapola fronteiras, levando a marca da atividade ovina no cenário nacional e internacional.
A região já está organizando os criadores ao constituir, em janeiro deste ano, o Núcleo dos Criadores de Ovinos de Campo Mourão, a Ovinocam, que integra 42 associados e rebanho de 6 mil cabeças, distribuídos em 8 municípios. Para seu presidente Geraldo Sebastião dos Santos, da Estância Arvoredo, comunidade Alto Cafezal, em Campo Mourão, onde cria há dois anos 150 cabeças da raça Santa Inês, ?o gargalo da atividade é a comercialização, porque não existe regularidade de consumo e falta formar macroparcerias voltadas ao volume potencial de abate?.
Tanto Geraldo como os associados participantes do encontro aguardam a concretização da instalação de um frigorífico previsto para 2007 na região de Maringá, que será administrado pelos núcleos de criadores. ?Com o associativismo e a integração de parceiros, atingiremos os objetivos de consolidar o nosso pólo regional da ovinocultura, porque sozinho o criador não irá a lugar nenhum?, atestou confiante o engenheiro agrônomo Erickson Chandoha, chefe do Núcleo da Secretaria da Agricultura, integrante da comissão organizadora e um dos responsáveis pela reforma do parque de exposições para a realização da Festa do Carneiro no Buraco e da Feira Agropecuária.
Ovinocultura paranaense
Com genética avançada e plantéis das seis principais raças importadas de países com tradição na atividade, a ovinocultura do Paraná se destaca pelo interesse na produção de carne de qualidade. Atualmente são 30 mil criadores e 602 mil cabeças de ovinos, com baixa oferta de animais para abate, visto que a fase é de expansão do rebanho, informa o médico veterinário César Amim Pasqualin, da Emater, implementador estadual do Programa de Apoio à Estruturação das Cadeias Produtivas de Ovinos e Caprinos do Paraná, lançado pelo governador Roberto Requião em 2004.
Segundo o zootecnista José Antônio Garcia Baena, da Secretaria da Agricultura, ?este programa nasceu pela demanda de mercado e da potencialidade da atividade no Paraná, envolvendo 34 instituições e participação de 54 técnicos?. Sua concepção contempla dois projetos estratégicos – Centro de Produção e Genética, com a participação do Iapar e dos colégios agrícolas de Santa Mariana e Toledo e Centro de Passagem para ampliar o melhoramento genético pela importação de novas linhagens – e 10 projetos de apoio.
?Iguaria? que segue um verdadeiro ritual
Quem apenas ouve falar até torce o nariz, achando que carneiro é bom apenas no sal e brasa, mas ao vivenciar o ritual gastronômico (carneiro no buraco), que cercou a elaboração de 145 tachos consumidos totalmente por 9 mil visitantes nesta 15.ª edição, é necessário reconhecer o profissionalismo dos envolvidos, que fazem da atração um dos melhores negócios do turismo regional.
A atração faz lotar a rede hoteleira, movimentar o comércio e os prestadores de serviço, e ?inclusive incentiva o direcionamento do crescimento da nossa ovinocultura?, destaca o engenheiro agrônomo Rômulo de Assis Lima, gerente regional da Emater e integrante da comissão organizadora da Festa Nacional do Carneiro no Buraco.
Os 47 cozinheiros da Associação Panela trabalharam direto em sistema de rodízio, juntamente com 42 mulheres, na cozinha única durante três dias que antecederam o domingo, dia 10, data de servir a delícia. Os ingredientes são preparados com minuciosa higiene e no volume que impressiona: quatro toneladas de carne de carneiro de média idade e mais quatro toneladas de 10 tipos de legumes e frutas, embebidos em temperos finos. Tudo distribuído na quantidade igual em cada tacho, com tampa.
Em paralelo, 12 horas antes ocorre o ritual Guardião do Fogo, que promove a cultura local e movimenta autoridades, lideranças, atores com tochas flamejantes que saem em passeata da arena do parque, sob olhares atentos de dezenas de fotógrafos, cinegrafistas e milhares de visitantes. Isto para acender os dois metros de lenha seca colocados no simbólico primeiro forno vertical de tijolos montado em forma de buraco de 1,5 metro de profundidade e 1 metro de largura.
A queima dura cinco horas, formando o braseiro onde é depositado o tacho, que é finalmente coberto por terra e só aberto ao meio-dia quando é retirado e encaminhado aos 15 restaurantes beneficentes, montados para servirem os visitantes, juntamente com um pirão feito do caldo retirado do tacho, acompanhado de salada verde e arroz branco.