Os pecuaristas decidiram que o melhor caminho para enfrentar o aumento nos custos de produção e a perda de renda é estimular o consumo interno de carne, mesmo com o aumento das exportações do produto. ?Vamos fazer um marketing para aumentar o consumo que perdemos nos últimos anos?, disse Antenor Nogueira, da CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária).
Nos últimos anos, segundo ele, a carne bovina perdeu espaço para outros tipos de carne, como aves e peixes. De acordo com Nogueira, ?a campanha irá mostrar que 1 kg de carne é 1 kg de carne. Não tem osso, não tem pele?.
Nos próximos 18 meses, a confederação espera aumentar em 3 kg o consumo per capita. Hoje, varia entre 36,5 kg e 37 kg por ano, mas já foi de 42 kg ao ano.
A entidade irá gastar cerca de R$ 8 milhões na campanha, que começará pela Região Metropolitana de São Paulo.
A confederação irá também estimular o uso de centrais de venda e cooperativas para tentar aumentar os ganhos do produtor.
Renda
A CNA divulgou ontem uma pesquisa que mostra a queda de renda para o produtor de carne bovina. Enquanto os custos de produção subiram 15,2%, o preço da arroba caiu 11,3% nos nove principais Estados produtores (GO, MG, MT, MS, PA, PR, RS, RO e SP). ?Até agora, não houve a mínima transferência de renda para o setor produtivo?, disse Nogueira. Hoje os pecuaristas recebem cerca da R$ 48 por arroba de carne.
Outro fator que agrava a situação, segundo ele, é a valorização do real frente ao dólar. Embora haja uma relativa estabilidade no preço em dólar da tonelada de carne exportada – US$ 2.245 em junho ante US$ 2.222 no mesmo mês do ano passado -, a receita em reais está menor.
No ano passado, as exportações de carne bovina chegaram a US$ 2,550 bilhões. Neste ano, a expectativa é que cheguem a US$ 3 bilhões, sendo que o maior comprador é a Rússia – nos últimos 12 meses, o País comprou US$ 354 milhões.
A conseqüência dessa perda de renda será a menor produtividade da atividade, já que os pecuaristas estão desestimulados, o que pode gerar uma redução do produto para o mercado interno ou externo. No entanto, Nogueira diz que não há risco de desabastecimento.