Caminhoneiros negociam para evitar greve

O Ministério dos Transportes recebe hoje representantes da Frente Nacional do Transporte Rodoviário, que reúne caminhoneiros e empresários, certo de que conseguirá esvaziar a ameaça de greve nacional do setor, marcada para o dia 25.

?As negociações estão indo tão bem que não há por que haver uma ruptura?, afirma o secretário de Política Nacional de Transportes, José Augusto Valente. O presidente da União Nacional dos Caminhoneiros (Unicam), José Araújo Silva, também defende as negociações. Segundo ele, com a disposição oficial para negociar, a paralisação pode não ocorrer.

Nos últimos dias, lideranças de caminhoneiros consideradas mais radicais estão divulgando panfletos nas rodovias conclamando para uma paralisação de 72 horas a partir do dia 25. ?Se tiver alguma coisa, será algo isolado?, diz Silva. As conversas, porém, não serão fáceis, segundo ele. ?Vamos cobrar com afinco e responsabilidade, mas na mesa de negociações?, diz o sindicalista.

Ao contrário do movimento de julho de 1999, que praticamente pegou o governo Fernando Henrique Cardoso de surpresa e prejudicou o abastecimento de alimentos e combustíveis, o governo diz que apóia as reivindicações, vai negociar e quer achar soluções. ?Estamos tão interessados em resolver os problemas do setor quanto eles?, diz Valente.

O movimento atual é considerado mais forte que o de cinco ano atrás porque envolve não só os caminhoneiros, mas também os empresários do setor. A pauta de reivindicações é extensa e inclui, por exemplo, a aplicação efetiva da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) na recuperação das estradas. Outro pedido é uma nova linha de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para renovação da frota de caminhões. Eles querem também que o governo facilite a criação de cooperativas de caminhoneiros.

Na greve de 26 de julho de 1999, o movimento cresceu de forma espontânea entre os caminhoneiros, que protestavam contra o alto preço dos pedágios e a falta de segurança e má conservação das estradas do País. Os manifestantes que participaram do movimento, denominado ?Uma questão de sobrevivência?, bloquearam as principais rodovias em 14 estados, como Bahia, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio e São Paulo. Diante do caos, o governo ameaçou até colocar o Exército para desobstruir as estradas.

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