Caminhões voltam a formar fila no porto

Caminhões carregados de grãos – soja, milho e farelo de soja – voltaram a formar fila na BR-277, em direção ao Porto de Paranaguá. Segundo informações da Ecovia, concessionária que administra o trecho da rodovia que liga Curitiba ao litoral, e da Polícia Rodoviária Federal (PRF), a fila começou no domingo. Ontem, no início da tarde, os caminhões estavam parados até o km 18 da rodovia; no fim do dia, a fila havia reduzido para o km 13, de acordo com a PRF.  

A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) alegou no começo da tarde, por meio da assessoria de imprensa, que a chuva vem atrapalhando o carregamento de grãos nos navios. Ontem havia 21 navios ao largo, aguardando atracação. No fim do dia, porém, a assessoria de imprensa divulgou nota afirmando que a fila se deve à atitude de operadores portuários, que continuam chamando cargas de grãos não-nominadas, isto é, cargas que não estão previamente comercializadas e com um navio atracado para carregar.

?A Appa informa que não abrirá mão da nominação das cargas e que uma nova Ordem de Serviço (OS 54/07) está em vigor desde a última sexta-feira (9), exigindo que o cadastro do caminhão (identificação da carga, nota fiscal, destino) seja preenchido pelo agente marítimo no sistema carga on-line (pela internet) antes mesmo do início de sua viagem ao porto?, informou a nota. ?Essa é mais uma das tantas medidas logísticas adotadas pela Appa para garantir o fluxo nas operações e evitar as filas na BR-277.?

A Appa alegou ainda que a fila ?não é problema do Porto de Paranaguá, que já demonstrou sua eficiência logística nos últimos anos, inclusive com o reconhecimento da Associação Brasileira de Movimentação e Logística.?

Pátio de triagem

Segundo a assessoria de imprensa da Appa, entre 1h e 6h da manhã de ontem, nenhum caminhão pôde entrar no pátio de triagem. Isso porque toda vez que chove, o carregamento nos navios é paralisado e o resultado são armazéns cheios. Dessa forma, não resta outra alternativa para o caminhoneiro, senão aguardar.

Entre os navios atracados no Porto de Paranaguá, um tem capacidade para 60 mil toneladas e está sendo carregado desde ontem com soja em grão; seu destino é a Índia. Os outros dois, com capacidade conjunta de 31,3 mil toneladas, atracaram no domingo; um deles segue para Dubai e outro para Tailândia. Ontem, ainda faltava cerca de um terço (10 mil toneladas) de farelo de soja para ser carregado nos dois navios.

Segundo a assessoria do porto, um navio leva aproximadamente 48 horas para ser carregado, caso o tempo esteja bom. Com chuva, porém, o prazo pode se estender. Foi o que ocorreu com o navio Creta, que atracou no Porto de Paranaguá na sexta, dia 9, às 21h30, e partiu apenas na noite de segunda-feira. O navio saiu carregado de soja em grão em direção à China.

Falta de investimento

De acordo com o coordenador de logística da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), Luiz Antonio Fayet, a chuva de fato atrasa o carregamento nos navios. Ele pondera, no entanto, que a falta de investimentos é outro agravante. ?Os comandantes fecham os porões e não tem conversa. Mas tem outro ponto: o porto, nesses quatro anos, não ampliou adequadamente suas instalações, não fez obras de reparação no cais, prejudicou investimentos de empresas privadas. A ampliação do cais oeste também não foi feita?, criticou. Segundo Fayet, a estimativa é que cerca de R$ 300 milhões deixaram de ser investidos no Porto de Paranaguá pela iniciativa privada, nos últimos quatro anos. ?Não houve nem investimento público, nem privado?, lamentou.

Essa foi a segunda fila de caminhões em direção a Paranaguá em menos de um mês. Durante o feriado de Carnaval, cerca de 4 mil caminhões seguiram em direção ao porto e provocaram uma fila de aproximadamente dez quilômetros. Na ocasião, o superintendente da Appa, Eduardo Requião, atribuiu a fila a exportadores, operadores portuários, cooperativas e plantadores de soja, que estariam tentando pressionar o porto a estocar soja transgênica no Silão – o silo público que tem capacidade para 100 mil toneladas de grãos, mas que não recebe transgênicos. A expectativa é que o Porto de Paranaguá escoe nesta safra 12 milhões de toneladas de grãos -volume 33% maior do que o da safra passada. 

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