Camex aprova lista de retaliação de bens contra os EUA

A Câmara de Comércio Exterior (Camex) aprovou hoje a lista de retaliação em bens contra os Estados Unidos em razão dos subsídios concedidos aos produtores e às exportações de algodão pelos norte-americanos. A secretária-executiva da Camex, Lytha Spíndola, informou nesta tarde que serão feitos alguns ajustes técnicos na lista, que será divulgada até o dia 1º de março.

Ela disse que o Brasil irá impor dificuldades na importação de US$ 560 milhões vindos dos Estados Unidos. Lytha disse que o valor definido pela Organização Mundial do Comércio (OMC) é de US$ 830 milhões, mas o restante do valor, ou seja, a diferença entre os US$ 560 milhões, deve ser aplicado em retaliações na área de propriedade intelectual e serviços.

A secretária afirmou que o Brasil mantém a sua decisão de aplicar sanções aos Estados Unidos, apesar das declarações na semana passada do novo embaixador norte-americano no Brasil, Thomas Shannon, de que poderia haver uma reação americana. O diretor do Departamento Econômico do Itamaraty, Carlos Márcio Cozendey, disse que interpreta as declarações do embaixador como um comentário sobre as naturezas comerciais e não como uma ameaça.

Ele disse que o Brasil decidiu aplicar parte do valor autorizado pela OMC em propriedade intelectual e serviços para não prejudicar os importadores brasileiros. Segundo ele, o presidente Lula decidirá se encaminhará por medida provisória ou não a proposta de lei que permitirá ao Brasil fazer essa retaliação nessas duas áreas.

No ano passado, a Camex colocou em consulta pública uma lista com 222 itens que representavam US$ 2,7 bilhões em importações dos Estados Unidos. Com base nas manifestações recebidas, foi feito um enxugamento dessa lista para o valor da retaliação.

Diálogo

Cozendey disse que o Brasil continua aberto para negociar com os Estados Unidos a retirada dos subsídios. Mas negou que a demora na divulgação da lista definitiva seja para mais tempo às negociações. Ele disse que o Brasil já conversou com delegados americanos, que indicaram a dificuldade dos Estados Unidos em retirarem os subsídios ao algodão porque o assunto teria que ser aprovado pelo Congresso dos EUA. “Não recebemos, até o momento, nenhuma proposta concreta. Mas continuamos abertos”, disse. “Haverá retaliação se não houver nenhuma mudança”, completou.

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