Cameron participa de ato contra Belo Monte em Brasília

A mobilização de organizações populares e indígenas contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará, ganhou um apoio de peso internacional. James Cameron, o diretor canadense de Avatar, a maior bilheteria do cinema mundial, esteve em Brasília nesta segunda-feira participando de um ato pelo cancelamento do leilão da usina, marcado para 20 de abril.

“Vocês podem perguntar o que estou fazendo aqui, mas se assistirem meu filme vocês saberão qual é meu sentimento sobre isso”, tentou resumir o diretor, que estava acompanhado dos atores Sigourney Weaver e Joel David Moore, que participaram de Avatar, e de sua esposa, a também atriz Suzy Amis Cameron.

Os movimentos populares contrários à construção de Belo Monte argumentam que a obra não trará o desenvolvimento regional prometido e terá impactos severos sobre as populações e o meio ambiente do Rio Xingu, que foram desconsiderados durante a análise técnica do projeto. O discurso de Cameron seguiu a mesma trilha.

Para o diretor, os efeitos da obra na chamada volta grande do Rio Xingu serão um verdadeiro “desastre ecológico” e a construção da usina pode ser o primeiro passo para a liberação de outras barragens ao longo do Xingu. “Acabei entendendo que a questão dessa barragem é importante porque ela é talvez um dominó que quando cair derrubará outros dominós”, disse Cameron.

Manifestantes fizeram um protesto em Brasília e protocolaram no Ministério de Minas e Energia e na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) um documento explicitando a posição contrária à usina e pedindo o cancelamento da licença ambiental concedida pelo Ibama e do leilão que o governo pretende realizar na próxima semana.

Cameron não irá se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas desafiou o presidente a suspender a construção da usina e tornar-se “um herói do século 21”, colocando o País como líder na elaboração de projetos mais eficientes e sustentáveis de energia. “Não sou um cientista, mas acredito que existem outras formas para países como Estados Unidos, Canadá e Brasil produzir energia”, disse o diretor, citando como exemplo a produção de energia solar e eólica. “É um dever vir aqui porque eu venho do que será o seu futuro”, disse o diretor, em menção à situação dos povos indígenas nos Estados Unidos, onde mora, que segundo ele foram praticamente “destruídos”.

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