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Foto: Arquivo/Agência Brasil

Ministro Guido Mantega: ?País vai muito bem?.

Brasília – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, minimizou a queda do dólar para o patamar abaixo de R$ 2,00. ?São vicissitudes de um País que vai muito bem?. Segundo ele, a valorização da moeda brasileira em relação ao dólar faz parte da ?vida de câmbio flutuante?. ?O dólar é flutuante no Brasil, hoje está em R$ 1,99, amanhã pode estar em R$ 2,03, R$ 2,05?, disse ele, em rápida entrevista na portaria do Ministério da Fazenda. Segundo Mantega, o governo não adotará nenhuma medida artificial para conter a valorização do real.

 ?Em um país com o risco baixo e que vai muito bem, é natural que haja alguma valorização da moeda?. Mas reforçou: ?Repito, o câmbio é flutuante, não dá para garantir nada?. O ministro disse que o governo está comprando reservas internacionais e as importações estão abertas no País. ?O Brasil pode importar mais, pode diminuir o saldo comercial, se for necessário. Mas também não dá para forçar porque o problema é que o dólar está se desvalorizando?, afirmou.

Segundo ele, esse é um fenômeno que não só ocorre no Brasil, mas também com outras moedas de países emergentes, que oferecem condições vantajosas.

Importação

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Questionado a comentar declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o País pode importar mais máquinas e equipamentos, Mantega disse que as empresas brasileiras estão importando equipamentos mais baratos e que não são produzidos no Brasil, o que reduz o preço e melhora a produtividade.

Mantega reiterou que não há incompatibilidade entre essas importações com o desenvolvimento da indústria de bens de capital no País. ?Por sinal, é o setor que mais cresce?. Ele disse que o setor de bens de capital brasileiro pode conviver com essas importações de máquinas e equipamentos que não são produzidos no Brasil. O ministro ponderou que há setores de bens de capital que não estão dando conta das encomendas. Ele citou o caso do setor agrícola, em que as encomendas estão demorando mais de 60 dias para serem entregues.

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Ele também comentou o crescimento da indústria de caminhões, afirmando que o licenciamento de caminhões tem sido extraordinário, com avanço de 25% a 30% em relação ao ano passado. O ministro confirmou que sairão em breve as medidas de desoneração da folha de pessoal para as empresas que estão sendo prejudicadas pela taxa de câmbio. E chegou a dizer que cancelou sua ida a Paris para uma reunião da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para adiantar a medida.

BC intervém quando acha que existem distorções

Foto: Arquivo/Agência Brasil

Henrique Meirelles, presidente do BC: correção de excessos.

Rio (AE) – O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, disse que ?o BC intervém (no mercado do dólar) sempre que acha que existem distorções de preço e visa também corrigir excessos?. Meirelles reafirmou que o banco não tem uma meta para a taxa de câmbio. ?Não permitiremos que acha excesso dos mercados ou que as cotações (do câmbio) se distanciem muito daquelas indicadas pelos fundamentos da economia?, disse.

O presidente do BC acrescentou que a instituição tem um objetivo de acumulação de reservas ?que tem se mostrado extremamente útil e valioso?. De acordo com ele, as reservas aumentam a resistência da economia a choques e diminuem o custo de captação do País e das empresas brasileiras.

Ele afirmou também que o desejo de que os juros caiam ?é de todos e está se concretizando?. Meirelles lembrou que a Selic está no menor nível da história recente. ?O importante é que nós persistamos na política de manter a inflação na meta e manter todos os demais indicadores econômicos na direção correta?, disse. Ele repetiu que não há limites para reservas internacionais.

De acordo com Meirelles, o peso do câmbio nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) ?já tem sido objeto de diversas análises que estão nos relatórios de inflação do Banco Central?. No entanto, negou que seja o item mais importante para as decisões do Copom: ?Não é um ou outro ponto?. As declarações foram feitas quando o presidente do Banco Central chegou ao 19.º Fórum Nacional, na sede do BNDES.

Indústria reforça pedido por mudanças

?A acentuada queda na cotação do dólar que nesta terça-feira (15) ficou abaixo de R$ 2 só vem confirmar a nossa tese de que uma mudança na política cambial brasileira é absolutamente inadiável?. A afirmação é do presidente do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures. Segundo ele, a valorização do real frente à moeda norte-americana aprofunda o processo de desindustrialização do Brasil. ?A nossa produção industrial está sendo substituída por produtos importados e, com isso, agrava-se o quadro de desemprego e de queda da renda da população?, afirma.

Rocha Loures lembra que no ano passado a retração do emprego no Brasil foi evidente em setores que competem diretamente com produtos importados. A perda de postos de trabalho foi de 5,4% no vestuário, 13,2% no setor de calçados e 6,9% em máquinas e equipamentos. ?O câmbio valorizado continuará exterminando empregos no Brasil e criando postos de trabalho no resto do mundo. A conseqüência disso será a perda de substância econômica e aumento da procura por sistemas privados de segurança nas cidades?, adverte.

O presidente da Fiep cita o exemplo dos países emergentes que estão deliberadamente mantendo o câmbio desvalorizado para conseguir competir no mercado internacional. ?A política cambial adotada pelo Brasil precisa ser revista sob pena de o País se especializar unicamente na produção e exportação de commodities, o que certamente não é a melhor estratégia de crescimento e desenvolvimento?, reforça.