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Miguel Jorge: é muito difícil que o câmbio mude. |
Brasília – O ministro do Desenvolvimento, Indústria e comércio Exterior, Miguel Jorge, disse ontem que dificilmente o problema com a taxa de câmbio será resolvido a curto prazo. ?O fato de o Brasil ter chegado (ante)ontem a 163 pontos, o mais baixo no risco-País, mostra que vai ser difícil que o câmbio mude. Isso aconteceu em outros países que têm essa variação de risco?, argumentou o ministro.
Ele acredita que as intervenções do Banco Central (BC) para controlar o fluxo cambial também são tópicas e não resolvem muito. ?O que precisava ser feito no caso da indústria é ganhar produtividade e maior eficiência. São outras medidas para se reinventar porque dificilmente terá mudança grande e substantiva no dólar?, disse.
Miguel Jorge afirmou não acreditar que haja uma tendência de o dólar ficar abaixo de R$ 2. Para ele, a moeda norte-americana deve se manter nesse patamar. Ele lembrou que as projeções apontam para um dólar acima de R$ 2. ?Há um ano o dólar estava em R$ 2,10. (Ante)ontem chegou a R$ 2,03. Estamos falando de 4% a 5% de diferença?, disse o ministro.
Ele também acredita que medidas de desonerações tributárias são paliativas. ?Eu acho que temos áreas em que pode ser feito. Agora desoneração tributária em si não resolve, também é uma medida pontual e tópica que pode resolver para algum setor que esteja passando por dificuldade?, argumentou.
Importação
Nessa mesma linha, o ministro também disse que a redução de imposto de importação também só pode ser feita para alguns setores. ?Mas certamente não para os setores que já estão com algum problema?, disse.
O ministro também acredita ser uma saída tópica o aumento da Tarifa Externa Comum (TEC) para setores afetados pelo câmbio. ?É mais ou menos como tomar uma aspirina para a febre. Reduzirá a febre, mas não resolverá o problema que causou a febre?, disse Miguel Jorge.
Segundo ele, é preciso reduzir impostos para máquinas e equipamentos e possibilitar que a indústria se modernize. Ele também defende que seja tomado um conjunto de providências que possa eliminar alguns gargalos, que não só o câmbio, como a retenção de créditos de ICMS dos exportadores pelos Estados. ?Acho que alguns setores terão que se reinventar?, disse.
Mantega rejeita reduzir alíquotas de importação
Brasília (AE) – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, descartou a redução de alíquotas de importação como forma de estimular ainda mais o crescimento das importações e reduzir o superávit da balança comercial brasileira. Segundo o ministro, o câmbio valorizado compensa qualquer alíquota de importação.
?A economia brasileira já está bastante aberta. Não há nada que impeça uma abertura maior. Basta que os importadores resolvam importar mais, inclusive porque as importações estão crescendo de forma expressiva. Isto é abertura da economia. E com esse câmbio significa que nós estamos barateando os produtos importados?, disse o ministro, que chegou ontem no final da manhã ao Ministério, depois de participar de reunião no Palácio do Planalto. ?Mais abertura do que isso, impossível. Isso compensa qualquer alíquota de importação?, afirmou.
Mantega disse que nos últimos dois anos houve uma desvalorização entre 20% e 30% do dólar. Como a alíquota de importação varia entre 10% e 12%, segundo o ministro, ela é compensada pela valorização do real. ?Então a economia brasileira é uma economia aberta. As importações estão crescendo. Isso é bom. Poderá haver uma queda no saldo comercial, porque é bom que haja saldo comercial, mas ele não precisa ser tão expressivo?, argumentou o ministro.
Para Mantega, são vários os fatores que vão fazer com que o câmbio encontre a taxa de equilíbrio: um crescimento maior da economia que leve ao aumento das importações, reservas cada vez maiores e taxas de juros menores. ?Então vários fatores vão levar a uma taxa de câmbio de equilíbrio, que eu não sei qual é? disse o ministro. Mantega afirmou que o câmbio está sendo influenciado não só pelo saldo comercial, mas também pela solidez crescente da economia brasileira. ?É um País seguro, com taxa de risco baixa e os investidores querem vir para cá e querem aproveitar. E é claro que as taxas de juros também influenciam, porque o Brasil oferece rendimentos maiores nas aplicações aqui em relação às aplicações em dólares?, disse Mantega.