Nem a taxa de câmbio mais favorável à indústria nos últimos meses ajudou a aumentar as exportações do País este ano. Apenas o setor automobilístico mostrou recuperação, segundo a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

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A exportação de produtos manufaturados brasileiros deve alcançar US$ 72,927 bilhões em 2016, ligeira alta de 0,2% em relação a 2015, estima a AEB. “Quando a gente pega a pauta de exportações, é basicamente automóveis”, ressaltou José Augusto de Castro, presidente da AEB.

No primeiro semestre, cresceram as remessas de automóveis, veículos e de cargas e autopeças, sobretudo, para a Argentina. As exportações brasileiras para o país vizinho aumentaram 0,79% até junho de 2016, resultado impulsionado pela venda de automóveis, que saltou 45,84% para veículos de até 1,5 mil cilindradas; 31,76% para automóveis até 3 mil cilindradas; e 103,62% para outros veículos.

“A mudança de presidente na Argentina fez com que aumentasse a demanda”, justificou o presidente da AEB. “A Argentina voltou a comprar, mas Colômbia e México também compraram”, acrescentou.

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Apesar do bom desempenho do setor automotivo, as exportações brasileiras como um todo devem recuar 1,9% na passagem de 2015 para 2016, de US$ 191,134 bilhões para US$ 187,504 bilhões, segundo previsão da AEB.

De acordo com Castro, uma pauta de exportações muito dependente de commodities deixa a balança comercial brasileira ao sabor das cotações internacionais. Por isso, é preciso que o País invista na competitividade dos manufaturados, por meio de reformas tributária, trabalhista e previdenciária, além de investimentos pesados em infraestrutura.

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“As exportações, que deviam ter se beneficiado com o câmbio mais vantajoso, voltaram a cair. Isso mostra que temos que fazer reformas estruturais para reduzir o Custo Brasil”, avaliou Castro.

As exportações de produtos básicos devem encolher 6,3% em 2016 ante 2015; enquanto a de semimanufaturados deve aumentar 7,8%, puxada por açúcar e celulose, previu a AEB.

Já as importações, que devem diminuir 18% em 2016, já encolhem em ritmo menor do que no primeiro semestre, devido à mudança recente no câmbio, com a nova valorização do real ante o dólar, explica Castro. “O ritmo menor de queda nas importações no segundo semestre começa a sinalizar que a demanda do mercado interno parou de cair, e que a taxa de câmbio está incentivando mais as empresas a importarem de novo”, disse.

No ano, a AEB espera redução de 35,8% na importação de combustíveis e lubrificantes, em consequência da redução na demanda interna, do aumento da adição de etanol na gasolina, e da redução no preço internacional. Já as importações de bens de capital devem diminuir 11,3%; bens intermediários, -16,2%; bens de consumo semi e não duráveis, -15,7%; e bens de consumo duráveis; -32,9%.