As exportações são o “melhor e único” caminho para superar a situação atual da economia brasileira, mas a desvalorização recente da taxa de câmbio não resolve todos os problemas do comércio exterior, afirmou o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto Castro, nesta quarta-feira, 19, na abertura do Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex 2015), no Rio.

continua após a publicidade

“Este ano, mais do que nunca, temos de apostar no comércio exterior. Com a retração no mercado interno, só nas exportações dá para falar em crescimento”, afirmou Castro.

A desvalorização do câmbio não resolve todos os problemas porque as moedas de outros países também se desvalorizaram, destacou Castro. Enquanto o real perdeu 50% de valor diante do dólar nos últimos 12 meses, o euro perdeu 18%. Na visão de Castro, essas desvalorizações todas visam a ganhar mercado nos Estados Unidos e esse é um dos motivos pelo qual a China desvalorizou o yuan na semana passada.

continua após a publicidade

“O câmbio não é fator de competitividade, mas de conversibilidade”, afirmou Castro. Por isso, reduzir custos é imperativo para os exportadores. Por causa da inflação, da elevação dos juros e do aumento de tributos, os custos subiram no Brasil nos últimos meses. Dessa forma, a desvalorização do câmbio apenas “compensou a elevação de custos”, nas palavras de Castro.

Segundo o presidente da AEB, até agora, não houve “mudança de patamar” nas exportações brasileiras. Por isso, apesar da elevação no saldo comercial, as exportações deverão encerrar 2015 em nível abaixo de 2006, destacou Castro. “O que gera atividade econômica não é o saldo comercial, é a corrente de comércio”, afirmou Castro. Nas projeções da AEB, a corrente de comércio ficará em US$ 374 bilhões este ano, mesmo nível de 2008. “Estamos sete anos atrasados”, comentou Castro.

continua após a publicidade

O presidente da AEB louvou o plano de exportações, lançado recentemente, por definir uma política para o comércio exterior, mas criticou outras medidas. Segundo Castro, além de a alíquota do Reintegra ter sido diminuída para 1%, ante 3% de quando foi renovado, na virada do ano, a compensação não está sendo paga. Castro criticou também restrições nos programas de financiamento, como o Proex.