Brasília (AE) – O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, afirmou ontem que algumas empresas já estão deixando de vender no mercado externo em função da valorização do real frente ao dólar. Ele alertou para o risco de uma queda nas exportações, reduzindo empregos e investimentos.

continua após a publicidade

Furlan citou como exemplo as empresas do setor automotivo, que estão revendo contratos, porque acham que não é rentável fazer investimentos com essa taxa de câmbio. ?Não são temas de fácil solução, mas indicam que podemos ter queda das exportações, principalmente de manufaturados?, disse. ?Podemos ter risco de perder um número significativo de empregos e investimentos, principalmente de alta tecnologia.?

Furlan avaliou, por outro lado, que a queda do dólar afeta de forma desigual as regiões e os setores empresariais. ?Este é um assunto que estamos avaliando no governo como um todo?, disse.

O ministro esteve ontem na Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado e defendeu a necessidade de acabar com os gargalos que reduzem a competitividade dos produtos brasileiros e dificultam a atração de novos investimentos. ?A solução de grandes problemas vem da soma da resolução de pequenas coisas?, afirmou.

continua após a publicidade

Furlan defendeu a necessidade de desonerar investimentos produtivos, reduzir a burocracia da máquina estatal e melhorar a infra-estrutura do País. ?O Brasil precisa de um grande choque de simplificação?, disse.

Ele citou o exemplo de um empresário que precisava da assinatura de um órgão do governo para que as carretas pudessem entrar em um porto para carregar e descarregar um novo par de contêineres e que, segundo ele, o pedido estava ?na gaveta de um burocrata de Brasília?. O ministro contou que precisou telefonar para o ministro da pasta para resolver a situação. ?Nós atuamos como despachantes?, disse.

continua após a publicidade

?Se o presidente me liberar da minha função (de ministro), gostaria de ser responsável por uma oficina de solução de gargalos. Eu seria um grande despachante geral para resolver essas pequenas questões?, afirmou Furlan.

Ele destacou que desde janeiro o BNDES vem operando com uma força-tarefa que conseguiu reduzir de 270 para 59 dias o prazo médio de análise dos projetos. ?O presidente Lula ficou muito contrariado quando soube do prazo que o BNDES estava levando para aprovar um projeto porque sobra dinheiro e a tubulação está entupida?, afirmou.

Outro grande desafio, na avaliação do ministro, é resolver o problema de infra-estrutura do País. Segundo ele, em quatro anos o Brasil aumentou em 250 milhões de toneladas o volume de mercadorias transportado. Furlan afirmou que o Brasil irá dobrar o volume de exportações, saltando da casa dos US$ 60 bilhões, em 2003, para US$ 120 bilhões, em 2006.

?A nossa meta é em quatro anos dobrar as exportações, mesmo com uma taxa de câmbio no nível que está?, declarou. ?Muitos dos senhores têm dito que o Brasil vive um momento favorável no mercado externo. Reconheço que sorte é essencial em qualquer coisa, mas é preciso ter sorte e competência?, disse aos senadores sobre o desempenho do comércio exterior brasileiro.