O brasileiro está com dificuldades para conseguir honrar suas dívidas. Um indicador é o levantamento da Serasa sobre o número de cheques sem fundos, divulgado ontem. Segundo a pesquisa, o volume de cheques devolvidos em julho apresentou alta de 9,8% na comparação com junho, a segunda maior marca já registrada desde 1991, ano em que foi criado o índice. No sétimo mês de 2003, foram devolvidos 16,8 cheques a cada mil compensados, enquanto junho registrou 15,3 cheques sem fundos a cada mil.
O recorde no índice de cheques sem fundos (17,6 a cada mil) foi em maio de 2003, mês que já havia superado março (16,7 cheques a cada mil compensados), quando ocorre, de forma sazonal, o pico da inadimplência do início do ano.
A Serasa explica que julho tem um número de dias úteis maior do que junho, o que causa um “efeito calendário” nas estatísticas da relação mensal, tornando junho uma base menor para comparação e, portanto, com variação maior em julho.
O volume de cheques sem fundos registrou acréscimo ainda maior na comparação anual (julho/2003 – julho/2002), 21,7%. De acordo com o estudo, em julho de 2002, foram registrados 13,8 cheques devolvidos a cada mil compensados, em todo o País.
Segundo a Serasa, como segundo maior meio de pagamento da economia em participação no total das transações, após o papel-moeda, e principal forma de financiamento, em aceitabilidade e liquidez junto ao comércio e consumidores, os cheques apresentaram, em julho, uma inadimplência média estabilizada nos patamares verificados a partir de março.
Para a Serasa, os números de julho ainda não definem uma tendência de que a inadimplência com cheques se manterá no nível atual. “A demanda por crédito continua baixa, seguindo o nível da atividade econômica e os fatores conjunturais que têm pressionado o consumidor e o orçamento doméstico, como juros elevados, queda da renda, elevação do desemprego, além da nova rodada de aumento de preços dos serviços públicos”, diz a entidade.
Recorde
O volume de cheques devolvidos por falta de fundos (em relação ao total de compensados), de janeiro a julho de 2003 apresentou alta de 10,4% em relação ao mesmo período do ano passado. O levantamento mostra ainda que, nos sete primeiros meses de 2003 foram devolvidos em média 15,9 cheques a cada mil compensados, a maior marca desde 1991, quando o índice foi criado. No acumulado do ano de 2002, o número de devoluções foi de 14,4 cheques a cada mil.
