Caixa Econômica Federal vai à Justiça contra greve

Depois dos funcionários da Caixa Econômica Federal, em greve há 23 dias, recusarem, na maioria das assembleias por todo o País, a última proposta oferecida, o banco decidiu apelar à Justiça.

Na quinta-feira, à noite, a instituição ingressou com uma ação de dissídio coletivo, no Tribunal Superior do Trabalho (TST), que marcou, já ontem, uma audiência de conciliação para a próxima quarta-feira, pela manhã.

A intenção da Caixa, no entanto, era que a Justiça declarasse, liminarmente, a greve abusiva e determinasse o retorno imediato dos empregados ao trabalho, o que não aconteceu – ontem, no fim da tarde, o TST indeferiu a liminar.

Porém, mesmo com a audiência marcada, o impasse pode continuar, já que o Comando Nacional dos Bancários orientou que, nas assembleias realizadas a partir de ontem, os grevistas desautorizem seus sindicatos a representá-los no tribunal. O processo no TST está sendo despachado pelo vice-presidente do Tribunal, ministro João Oreste Dalazen.

A atitude do banco de ingressar com a ação, comum em casos onde as negociações entre grevistas e empresas não evoluem, não foi bem recebida pelos bancários da Caixa.

Em uma carta aberta, o presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região, Otávio Dias, lamentou que o caso tenha ido parar na justiça e atribuiu o fato a um “desespero” do banco devido à “força da greve”. Ele cobrou, também, providências do governo federal.

Para Dias, desde o início da campanha salarial deste ano, ficou clara “a falta de respeito com aqueles que de fato constroem, lá na ponta, todos os projetos sociais do Governo Federal.”

Em Curitiba, a assembleia que, seguindo a orientação do Comando Nacional desautorizou o sindicato local a representar os bancários no dissídio coletivo, aconteceu no início da noite.

Das regiões do Estado que continuam em greve até ontem, apenas Paranaguá decidiu pela volta ao trabalho, que deverá acontecer na próxima segunda-feira. Enquanto segue a briga entre a Caixa e seus funcionários, boa parte da população fica sem alternativa para certos serviços.

É o caso, por exemplo, da professora aposentada da rede estadual, Eliane de Carvalho. Como não tem cartão do banco, ela costumava sacar seu salário sempre na boca do caixa. Agora, devido à greve, não pode receber o salário, disponível desde o dia 30 de setembro. “Tenho contas acumuladas e vou diariamente à minha agência, na praça Carlos Gomes, para tentar receber. É extremamente desgastante”, diz.