São Paulo – A exemplo dos bancos privados, a Caixa Econômica Federal fechou com lucro líquido recorde no primeiro semestre deste ano. De acordo com balanço divulgado ontem, a instituição ganhou R$ 860 milhões entre janeiro e junho, 52,4% a mais do que no ano passado. Foi o melhor resultado para este período na história da Caixa, que em janeiro completou 142 anos de atividade. Com forte aumento de receitas e corte nas despesas, o banco melhorou também sua rentabilidade. O retorno anualizado sobre o patrimônio líquido passou de 27,92%, em 2002, para 34,94%.
Mantido o ritmo atual, a Caixa caminha para se manter no seleto clube dos bancos bilionários. A previsão do vice-presidente de Finanças e Mercado de Capitais, Fernando Nogueira, é que a instituição feche o ano com lucro entre R$ 1,4 bilhão e R$ 1,5 bilhão, contra R$ 1,081 bilhão em 2002. Essa projeção considera uma Selic (a taxa básica de juros) de 17% ao ano em dezembro. Se a Selic, que baliza as operações no mercado interbancário, ficasse em 24%, o lucro líquido da Caixa poderia chegar a R$ 1,7 bilhão.
“De qualquer forma, será o nosso melhor ano”, afirmou Nogueira.
O balanço divulgado ontem mostra forte aumento das receitas com títulos e valores mobiliários. As operações de tesouraria responderam por 57% das receitas totais. O ganho embolsado pelo banco chegou a R$ 7,311 bilhões no primeiro semestre, contra R$ 4,368 bilhões em 2002. Não existe nenhum mistério nesse resultado. Remando contra a maré, a Caixa optou no final de 2002 por uma estratégia de compra maciça de títulos do governo, ignorando os riscos de uma mudança de política monetária com o novo governo e apostando nos ganhos futuros do papel. O saldo em junho passado com títulos e operações de derivativos chegou a R$ 22,4 bilhões, contra R$ 8,7 bilhões em junho de 2002.
“Apostamos no Brasil”, disse o vice-presidente de Finanças, descartando o uso político da instituição na rolagem da dívida pública.
Diferentemente do setor privado, a Caixa também expandiu seu volume de crédito no semestre, a despeito da fraca atividade econômica. Foram liberados R$ 8,25 bilhões, 10,44% a mais do que os R$ 7,47 bilhões de 2002. Nos contratos com pessoas físicas, o crescimento foi de 16,5%. Só o total de novos financiamentos para o setor imobiliário somou R$ 1,9 bilhão entre janeiro e junho e a previsão é chegar a R$ 5,5 bilhões até dezembro. O presidente da Caixa, Jorge Mattoso, afirma que a redução da Selic vai levar ao reaquecimento da economia e ao aumento de demanda por novos créditos.
“É natural esperar uma alta nos volumes liberados. Também existe grande expectativa em relação ao microcrédito”, disse Mattoso, referindo-se ao programa do governo que prevê a liberação de financiamentos com juros máximos de 2%.
Outro fator de equilíbrio para as contas no semestre foi a manutenção de um programa de corte de despesas.