Brasília
– Caiu para cerca de um terço a captação líquida da caderneta de poupança em setembro. Depois de três meses seguidos de captação elevada, a poupança fechou o mês passado com um saldo líquido positivo de R$ 1,878 bilhão. No mês anterior, agosto, a diferença entre depósitos e retiradas, mais os rendimentos creditados às contas, tinha sido de R$ 4,885 bilhões. Ainda assim, o valor do mês passado é 266% maior que os R$ 512,588 milhões de setembro de 2001, de acordo com dados divulgados ontem pelo Banco Central.Ao mesmo tempo em que a poupança perde fôlego, os fundos de investimento financeiro (FIFs) começam a mostrar recuperação. Depois de terem sofrido saques pesados nos meses de junho e julho e de terem fechado agosto ainda com uma retirada de R$ 1.822 bilhão, os FIFs apresentaram, até o dia 27 de setembro, depósitos superiores aos saques em cerca de R$ 4,874 bilhões.
Para os técnicos do Banco Central, o que está acontecendo agora é uma migração inversa de recursos. O dinheiro que tinha ido para a poupança por conta das perdas sofridas pelos aplicadores nos fundos de investimento está retornando. “Os médios e grandes investidores, que foram para a poupança em busca de proteção, voltaram a depositar seus recursos nos produtos lançados pela indústria de fundos”, explicou um técnico.
O Banco Central foi, em grande parte, responsável pela movimentação de recursos nos FIFs. A perda nos fundos, a partir de 31 de maio, foi provocada pela crise de confiança nos títulos públicos, que perderam rentabilidade justamente na hora em que o BC determinou que o valor da cota de cada investidor refletisse o preço dos papéis negociados no mercado. Assustados com o prejuízo, os aplicadores correram para a poupança.
A sangria de recursos dos FIFs, que ultrapassou R$ 16 bilhões no mês de junho, assustou o BC, que optou por flexibilizar a norma. Agora apenas os papéis de longo prazo, ou seja, acima de 360 dias, precisam ser marcados a mercado pelo preço de negociação do dia. Títulos de curto prazo e papéis de longo prazo que os fundos pretendam levar até o vencimento podem continuar tendo seu valor apurado pelo rendimento esperado.
Os técnicos do BC garantem que essa mudança em benefício dos fundos não acarretará perda acentuada de depósitos na caderneta nesse período. No fim do ano, tradicionalmente a poupança tem saldo líquido positivo devido ao pagamento de férias e 13.º salário. “A poupança é um ativo de confiança do pequeno investidor”, disse o técnico.
Pelos dados do BC, em setembro os depósitos na poupança somaram R$ 43,562 bilhões, contra saques de R$ 42,616 bilhões. Os rendimentos creditados às contas foram da ordem de R$ 932 milhões. O saldo de todas as contas de poupança atingiu, no mês passado, R$ 137,393 bilhões.