Foto: Arquivo |
Secretário Valter Bianchini: mais fazendas no Sisbov. continua após a publicidade |
O Paraná voltará a ser habilitado a exportar carne bovina in natura para os 27 países da União Européia. O Estado estava proibido de exportar carne para o bloco econômico europeu desde outubro de 2005, quando surgiram suspeitas de focos de febre aftosa.
O anúncio foi comunicado ontem à Secretaria de Defesa Agropecuária, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e vale também para o estado de São Paulo.
O fim do embargo é conseqüência do reconhecimento dado aos dois estados como áreas livres de febre aftosa com vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), no final de maio. A decisão do Comitê Veterinário Permanente da DG-Sanco, órgão responsável pela Saúde Animal da UE, será publicada oficialmente em julho.
Apesar da decisão, o Paraná deve levar alguns meses para retomar as exportações. ?Na prática, não muda nada neste primeiro momento?, apontou o presidente do Sindicato da Indústria de Carnes no Paraná (Sindicarnes-PR), Péricles Salazar.
Isso porque a União Européia impôs uma série de regras às propriedades brasileiras que desejam exportar para o bloco econômico. ?As propriedades do Paraná precisam estar registradas no Sisbov (Sistema de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos). E, embora a liberação não tenha efeito imediato, é uma sinalização aos produtores para que se habilitem?, comentou.
Como as exportações estavam suspensas, lembrou, muitos produtores não rastreavam seus rebanhos devido ao custo. ?Agora, pode ser que se sintam estimulados a rastrear.? Salazar acredita que o Paraná só conseguirá retomar as exportações a partir do ano que vem. ?Vamos ter que trabalhar estas informações, o Ministério da Agricultura vai fazer a indicação das fazendas?, comentou.
Dados do Sindicarnes-PR indicam que em 2003 o Paraná exportou cerca de 13,4 mil toneladas de carne bovina para a Europa Ocidental, totalizando US$ 44 milhões. No ano seguinte, a quantidade saltou para 21,7 mil toneladas e US$ 72 milhões. Em 2005, com o embargo das exportações em outubro, o volume caiu para 10,3 mil toneladas e US$ 32,3 milhões.
Próximo passo
A partir de agora, a secretaria de Defesa Agropecuária irá iniciar os procedimentos de auditoria em propriedades de criação de bovinos do Paraná e São Paulo, incluídos na base de dados do Sisbov.
Os Estabelecimentos Rurais Aprovados no Sisbov (Eras) que forem considerados conformes pelas regras do sistema de rastreabilidade serão indicados para a União Européia. Estas propriedades serão habilitadas após a publicação da decisão no jornal oficial do bloco econômico.
Até então, estavam habilitados a exportar carne bovina para o bloco os estados de Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Espírito Santo e Santa Catarina.
De acordo com o secretário estadual da Agricultura e Abastecimento, Valter Bianchini, o Paraná tem cerca de 400 propriedades integradas ao Sisbov, que atenderiam aos requisitos da União Européia.
?O Paraná tem plenas condições de ampliar esse número?, destacou, acrescentando que a última campanha de vacinação contra a aftosa, em maio, atingiu 98,74% do rebanho. No Estado há cerca de 9,5 milhões de cabeças de bovinos e bubalinos distribuídos em 205 mil propriedades rurais – média de 45 animais por propriedade.
O secretário lembrou que a pecuária já vinha passando por bom momento, com a valorização da arroba do boi – acima de R$ 80,00, chegando até a R$ 90,00 em algumas regiões do Estado – e contratação de mão-de-obra pelos frigoríficos.
?O mercado está aquecido?, afirmou, referindo-se ao crescimento do mercado externo e baixa oferta de animais para abate. ?Se o setor continuar firme, pode ser que haja uma pequena elevação de preços no mercado interno?, arriscou.