Os paranaenses estiveram entre os que menos emitiram cheques sem fundos entre janeiro e maio, segundo divulgou ontem a Serasa Experian. De acordo com a pesquisa, o índice de cheques que voltaram, no período, ficou em 1,70%.
A taxa é a terceira menor entre os estados e ficou abaixo da média nacional, de 1,90%, que é o menor porcentual registrado desde 2006 para o período. Nos cinco primeiros meses do ano, enquanto o número de cheques compensados no Paraná foi de cerca de 36,7 milhões, apenas 622 mil foram devolvidos.
Em maio, a taxa no Estado foi ainda menor, de 1,63%, correspondente a quase 121 mil cheques sem fundos para aproximadamente 7,4 milhões compensados. No País, a inadimplência com cheques foi de 1,86% em maio, o menor porcentual para o quinto mês do ano desde 2004. No mês passado, foram devolvidos 1,76 milhão de cheques e 94,3 milhões foram compensados, no Brasil.
De acordo com a Serasa Experian, enquanto os cheques sem fundos diminuíram em maio, a inadimplência geral (cartões de crédito e financeiras, protestos e dívidas com bancos) cresceu.
A queda, para a empresa, se deve “à recuperação da qualidade” nesse tipo de transação, e ao fato do consumidor vir evitando o parcelamento com cheque pré-datado.
Apesar da queda, a Serasa Experian acredita que as boas vendas no Dia das Mães, na Copa do Mundo e no Dia dos Namorados, possam ampliar o endividamento do consumidor, causando impacto na taxa de cheques devolvidos. Mesmo assim, a perspectiva é que o percentual do ano caia em relação ao registrado em 2009.
Salário
De acordo com o consultor econômico Vamberto Santana, da Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio-PR), são duas as explicações mais possíveis para a baixa taxa de cheques devolvidos no Estado: “Uma é o valor do salário mínimo regional. Outra, é que o consumidor pode ter optado mais pela compra via cartão de crédito ou crediário das lojas, deixando de recorrer à emissão de cheques.”
Para Santana, a mudança de comportamento é mais aparente nas compras a prazo. O consultor acredita que, apesar de haver inadimplência em parcelamentos feitos no crediário, a renegociação dos débitos, quando há dificuldade de pagamento, também é mais fácil. “Quando um cheque é devolvido [pelo banco], muitas vezes o lojista nunca mais encontra o cliente”, observa.
O economista lembra, também, que apesar de terem o ônus da taxa cobrada pelas administradoras (que costuma variar entre 4% e 7%), os cartões de crédito têm a vantagem de não gerarem inadimplência alguma aos comerciantes.
Ele cita o exemplo de postos de combustíveis que não trabalham com cartão para não terem que assumir o percentual cobrado pelas administradoras. “Eles recebem um grande volume de cheques inadimplentes”, informa.
Assim, a taxa de administração, que não pode ser repassada ao consumidor, acaba compensando no final do mês. “É um ônus que os lojistas têm, mas uma certeza de que vão receber o valor da venda”, diz Santana. “Caso haja dificuldade no pagamento da fatura do cartão, será algo a ser resolvido na relação do cliente com a administradora, apenas.”