Brasília (AG) – O mercado de trabalho formal gerou 73.285 postos em fevereiro, mas os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho mostram que está havendo uma desaceleração no rítmo de geração de empregos formais no País. O resultado do mês passado foi menor que o de janeiro, quando foram criados 115.972 empregos formais, e menor que o de fevereiro do ano passado, quando foram gerados 139.074. Foi o pior mês de fevereiro para o mercado de trabalho formal desde 1999, época da desvalorização cambial, quando foram extintos 78 mil postos.
Segundo o Caged, os setores que mais contribuíram para a criação de empregos no mês passado foram serviços, administração pública e comércio. O setor de serviços contratou 50.660, administração pública, 11.217, e o comércio, 8.647. Já os setores que mais desempregaram foram a indústria de produtos alimentícios e bebidas, que teve saldo de 14.682 postos extintos, seguido pelo setor de madeira e mobiliário, com 2.258 extintos, e calçados, com 1.312 demissões. A construção civil gerou apenas 910 vagas em fevereiro e indústria têxtil criou apenas 2.822 postos, bem abaixo do que vinham registrando.
Na avaliação do ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, esses setores, principalmente o de calçados, já estariam refletindo a desvalorização do dólar.
?Esses dados requerem uma atenção especial por parte do governo?, disse Berzoini. Segundo o ministro, ainda é preciso esperar março para saber se o aumento dos juros já teve impacto na geração de empregos.
?Infelizmente, o cenário da política econômica não beneficia a taxa de juros. É preciso ter um olho na inflação e outro no emprego porque, se tivermos um combate à inflação que acabe por gerar desemprego, isso pode prejudicar a situação social do País. Nós acreditamos que é preciso combinar as metas de inflação com as metas sociais?, afirmou.
O Nordeste foi a região com o pior resultado, principalmente Pernambuco, Alagoas e Paraíba. Foram fechados 35.871 empregos na região. De acordo com o ministro, isso ocorreu devido à antecipação do ciclo da cana-de-açúcar, que contrata muitos trabalhadores temporários.
O melhor desempenho ocorreu no Sudeste, com 71.041 empregos criados. São Paulo gerou 52.670 postos, Minas Gerais, 12.979, e Rio de Janeiro, 5.454. Entre as regiões metropolitanas, o melhor desempenho também foi registrado em São Paulo, que gerou 22.081 empregos, seguido pela Grande Belo Horizonte, com 5.793, Curitiba, com 2.513, e Rio, com 1.922.