Mesmo correndo sérios riscos climáticos de longos veranicos e períodos chuvosos prejudiciais em tempo de colheita, a produção de amendoim em Cafeara se destaca no Estado. O município é pólo da cultura da cultivar tatu, destinada ao consumo das fábricas de doces e outros derivados. São quase seis anos de tradição, mantidos pela rentabilidade superior a 100%, aliada à alta produtividade, baixo custo de produção e utilização combinada de máquinas e mão-de-obra familiar.
Nesta safra de verão, doze produtores rurais de Cafeara estão concluindo a colheita de 34 alqueires e esperando produtividade abaixo da desejável, que varia de 250 a 300 sacas – de 25 quilos cada – por alqueire, devido ao período de 34 dias de estiagem que assola o município. Computados os custos de produção médios de R$ 12,00 a margem de lucratividade está garantida com a comercialização na cidade paulista de Monte Alvão, também fornecedor de grãos semente, ao preço final de R$ 25,00 a R$ 28,00 a saca do amendoim em casca. A expectativa de produção é de 7.360 sacas, com a injeção na economia local de quase R$ 200 mil somente pela produção alternativa de amendoim.
No sítio Santo Antônio, localizado na Água das Antas, de 3,5 alqueires, o produtor rural Isaac Maia Lemes, 43 anos, tem tradição na cultura desde 1979 e retornando a ela em 2001 cultivou uma área de 1,5 alqueire de amendoim. Ele plantou no dia 23 de outubro do ano passado e agora está acabando a colheita total de 400 sacas. Para ele, o amendoim é muito bom porque tem ciclo menor em relação às outras culturas de verão, menos exigente em tecnologia e com poucas pragas e doenças. “Fiz três aplicações de inseticidas contra pragas para controlar a lagarta curuquerê, lagarta do pescoço vermelho e lagarta militar e mais uma pulverização de fungicida no controle da doença cercospora, também conhecida por pinta-preta”, assegura Isaac Lemes.
Segundo o engenheiro agrônomo Antônio Carlos Rebeschini, extensionista da Unidade Municipal da Emater, empresa do governo estadual vinculada à Secretaria da Agricultura, os 12 produtores são associados da Adeccaf, que recebeu apoio do Programa Paraná 12 Meses para compra de uma colhedora motriz no valor de R$ 26 mil reais, de alta produtividade, trilhando e ensacando 500 sacas por dia, incorporada ao parque atual de 4 máquinas colhedoras.
“Para o município o amendoim é uma excelente alternativa de diversificação agrícola e tem potencial de crescimento na região se superadas as dificuldades decorrentes do risco climático, de comercialização pela falta de mercado comprador, de indústrias que agregam valor ao produto no Paraná e da falta de tradição na liberação de crédito e seguro agrícola para a cultura”, destaca o extensionista Rebeschini ao assegurar vantagens da cultura “que gera emprego familiar e renda, ocupa a mão-de-obra rural volante, é de baixo custo e alta rentabilidade e permite antecipar a safra de feijão de inverno graças ao ciclo curto do amendoim plantado em outubro e colhido em fevereiro”.
