Café aumenta, para azar do consumidor

A previsão da elevação das cotações internacionais do café verde para 2005 se confirmou já na primeira semana do ano. Somente de 2 a 6 de janeiro, os preços na Bolsa de Valores de Nova Iorque subiram em 11,7%, em um reflexo direto da produção mundial menor que a demanda pelo produto.

Além do período de entressafra do café, que vai de novembro a abril, a alta representa uma tendência natural: a recuperação do setor cafeeiro, em baixa nos últimos anos. Na prática, a alta do produto se traduz positivamente para os produtores, porém refletem negativamente para as empresas torrefadoras, que trabalham com margem de lucro justa devido à concorrência de mercado. O reflexo direto pode ser um aumento significativo do preço do café ao consumidor.

Segundo o diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), Nathan Herszkowicz, a valorização do produto será especialmente benéfica à economia do Paraná. ?O Paraná é um dos grandes produtores de café do Brasil e há algum tempo esperavam a recuperação dos preços. Com a alta mundial, a recuperação é certa.? Ele recorda que em 2002 e no primeiro semestre de 2003, o grão verde atingiu os valores mais baixos da história do café, chegando a ser vendido a US$ 48,00 a saca, quando o preço médio seria de US$ 111,00 a saca.

?Até o final de 2003, os produtores passaram por uma crise grave. De 2004 para cá, está ocorrendo uma lenta recuperação.? A expectativa é de que, para os produtores, 2006 e 2007 representem preços remuneradores. Já para abril deste ano, o governo federal prevê uma significativa baixa nos estoques físicos, que representará a maior queda das últimas décadas. ?Com a escassez do produto, a valorização é natural.?

Torrefadoras

Na contrapartida dos produtores, quem deve passar por um período difícil são as empresas torrefadoras, que terão de comprar o produto a um custo mais alto e tentar repassá-lo ao consumidor por um valor que não represente a desistência do consumidor em adquirir o produto.

A alta significativa de preços da matéria-prima no mercado interno atingiu em cheio as empresas torrefadoras nacionais, que pagavam R$ 170 pela saca do café no fim de setembro e só encontram ofertas acima de R$ 215 neste início de ano. Segundo Herszkowicz, o reajuste de preços ao consumidor será inevitável. ?Há o alerta, mas o café é um dos produtos da cesta básica que menos aumentou desde a implantação do Plano Real. Em pouco mais de 11 anos, o aumento foi de 24%, contra mais de 100% do leite, arroz ou feijão?, diz o diretor. Em Curitiba, o produto subiu gradativamente, segundo o Dieese, e fechou o ano em alta de 12,86%.

O diretor de vendas da Itamaraty, Antônio Celso Chequin, afirma que, por ora, a empresa não promoveu nenhum aumento e trabalha em cima da hipótese de não ter que repassar o aumento da matéria-prima ao consumidor. ?Mesmo com a manutenção dos preços, o consumo do café já está inibido. Por isso, estamos forçando uma maior produção para incentivar o maior consumo?, diz. Desde o início de 2006, a empresa vem sentindo uma variação no preço do café entre 11% e 13%. ?Estamos segurando até onde der, com a expectativa de que, com o final da entressafra, os preços sofram nova redução.?

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