Apesar de registrar recuperação em novembro e dezembro, a caderneta de poupança teve no ano passado captação líquida (diferença entre resgates e aplicações) negativa de R$ 9,987 bilhões, segundo dados do Banco Central relativos a até 30 de dezembro. Trata-se da maior perda de recursos da caderneta de poupança pelo menos desde 1996, de acordo com os dados que foram disponibilizados pelo BC.
As perdas foram influenciadas pela migração para aplicações que pagaram maiores retornos aos investidores. A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), por exemplo, teve valorização acumulada de 97,3% em 2003. Já os fundos DI (que acompanham a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic) tiveram rentabilidade média de 23% ao ano. Enquanto isso, a poupança pagou pouco menos de 1% ao mês durante 2003.
Com isso, a poupança acabou registrando captação líquida negativa em todos os meses do ano, com exceção de novembro (positiva em R$ 983 milhões) e dezembro (R$ 2,813 bilhões até o dia 30, podendo ainda haver pequenas alterações no saldo até dia 31, apesar de tratar-se de um feriado bancário).
O resultado melhor nos dois últimos meses do ano, no entanto, pode ser apenas sazonal e influenciado pelo pagamento do 13.º salário.
Saldo
Apesar da captação líquida negativa, o saldo da caderneta de poupança aumentou no ano passado, passando de R$ 139,642 bilhões ao final de 2002 para R$ 143,489 bilhões em 30 de dezembro.
O aumento do saldo é explicado pelos rendimentos acumulados pelas cadernetas de poupança no período, que, somados, alcançaram quase R$ 14 bilhões.
Captação recorde dos fundos
A indústria de fundos de investimentos fechou 2003 com uma captação de R$ 59,9 bilhões, segundo a Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimentos). Esse valor é recorde para o setor, refletindo o otimismo dos investidores domésticos e estrangeiros com os rumos da economia.
As carteiras de renda fixa foram as que mais registraram no ano ingressos de recursos, com R$ 29,7 bilhões. Já os fundos multimercados, também chamados de fundos mistos, captaram R$ 23,6 bilhões no ano passado.
O ingresso de recursos nas carteiras de previdência somou R$ 8,7 bilhões. Os cambiais captaram R$ 1,4 milhão, e os Fiex (fundos de investimento no exterior), R$ 68,7 milhões, mas registram saída de R$ 79,9 milhões no mesmo período.
Em 2002, a fuga de recursos dos fundos atingiu R$ 64,7 bilhões por causa das turbulências no mercado com a eleição e a mudança na regra do cálculo das cotas, que desvalorizaram e assustaram os investidores na época.
O patrimônio dos fundos encerrou 2003 somando R$ 484,1 bilhões. A indústria brasileira de fundos é a 13.ª maior do mundo e a maior da América Latina. O ranking é liderado pelos EUA, onde o patrimônio dos fundos atinge quase US$ 7 trilhões.