O embate jurídico entre o Banco Central (BC) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre o papel de cada órgão na fiscalização de fusões no sistema financeiro terá um novo capítulo nos próximos dias.

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O presidente do Cade, Vinícius Marques de Carvalho, afirmou nesta terça-feira, 01, que deve recorrer ao plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) contra uma decisão do ministro José Antonio Dias Toffoli de que caberia à autoridade monetária decidir sobre a união de bancos.

“Respeitamos a decisão do STF, mas o tribunal do Cade vai avaliar a necessidade e a possibilidade de impetrar um recurso”, disse ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

A disputa pela prerrogativa de autorizar ou proibir uniões, vendas e aquisições de papéis entre instituições financeiras já dura quase duas décadas. Começou em 1995, por questionamento da Comissão de Valores Imobiliários (CVM) ao Cade.

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Apesar da controvérsia, Carvalho rejeita uma guerra declarada entre Cade e BC. “Não há embate com o Banco Central.”

O BC alega que somente ele tem subsídios suficientes para analisar operações envolvendo instituições financeiras. Este é o argumento defendido por um técnico graduado da autoridade monetária: “O BC tem uma estrutura complexa para realizar essas avaliações”.

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O presidente do Cade refuta o argumento de que apenas o BC consiga avaliar o chamado “risco sistêmico” da integração financeira. “Acreditamos que o Cade tem atribuições em relação ao setor financeiro como tem em outros setores”, avalia.

Carvalho defende um modelo de atuação conjunta, no qual o tribunal receberia casos de concentração após parecer do BC atestando que não haveria risco ao sistema financeiro.

Enquanto a sinergia não ocorre, o Cade aguarda a notificação do ministro Toffoli para acionar sua procuradoria e apresentar novo recurso ao STF.

Em sua decisão, revelada hoje pelo jornal Valor, Toffoli confirmou duas decisões anteriores, impondo a terceira derrota ao Cade em 19 anos. Em 1995, a CVM pediu uma avaliação sobre os aspectos concorrenciais da incorporação do Banco Francês pelo Itaú. A fusão, anunciada um ano antes, iniciou a disputa do BC com o Cade – com derrotas sucessivas do tribunal, a primeira em 2001, quando a Advocacia Geral da União (AGU) decidiu que o setor financeiro é de exclusividade do BC.

Projeto de lei

Uma definição clara do papel do BC e do Cade é alvo do Projeto de Lei Complementar (PLP) nº 265, de 2007. A peça, se aprovada, devolverá a competência ao tribunal administrativo em relação ao sistema financeiro. O projeto já foi aprovado na Câmara e, agora, aguarda aprovação do Senado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.