Brasília (AE) – Quase três meses depois de aceitar o pedido da Nestlé de reapreciação do veto à compra da Chocolates Garoto, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) retoma hoje o julgamento do caso. Para reverter a determinação de venda total, a multinacional suíça apresentou ao Cade a proposta de abrir mão de parte da Garoto, oferecendo a outros interessados o equivalente a 10% do mercado de chocolates sob todas as formas (tabletes, bombons, óvos de Páscoa) e uma participação de 20% no mercado de coberturas.
Devido à polêmica envolvida na rejeição da operação de fusão Nestlé/Garoto, o julgamento promete ser tenso e será iniciado com a apresentação do voto do conselheiro Luiz Alberto Scaloppe sobre a proposta da empresa suíça. Em meados de julho, logo após o plenário aceitar por quatro votos a três o pedido de revisão do veto, o relator do processo Thompson Andrade – que deixou o tribunal administrativo naquela data – foi o primeiro a votar, se posicionando contra a Nestlé.
Scaloppe dará o segundo voto. Os novos integrantes do conselho, Luís Fernando Rigato e Luiz Prado, e o conselheiro Roberto Pfeiffer serão os próximos. Outro novo integrante, Ricardo Cueva, não deverá votar porque substituiu o relator original, assim como a nova presidente do Cade, Elizabeth Farina – que atuou como parecerista da Nestlé no caso.
O plenário do Cade reprovou, por maioria, a compra da fábrica brasileira de chocolates pela Nestlé em fevereiro, dois anos após o fechamento do negócio. Os conselheiros entenderam que com a operação haveria uma concentração de 58,4% do mercado de chocolates em poder da multinacional suíça, colocando em risco a concorrência no setor. Outras empresas, como a inglesa Cadbury e a americana Mars, já declararam interesse em adquirir a Garoto.