O BTG Pactual articula com rapidez a venda de seus ativos e participações para garantir liquidez no curto prazo e também para minimizar a dilapidação de seu patrimônio. A pressa para a venda de seus negócios é um passo importante para que banco possa fechar seu capital, segundo apurou o ‘Broadcast’, serviço em tempo real da ‘Agência Estado’. O banco vive uma crise desde o dia 25 de novembro, quando o banqueiro André Esteves foi preso na Operação Lava Jato, que investiga corrupção na Petrobras.

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Além dos ativos de seu vasto portfólio de private equity (que compra participações em empresas para vender depois com lucro), infraestrutura e ativos imobiliários e de florestas, o BTG já ofereceu o BSI, banco suíço gestor de recursos considerado o marco de globalização do BTG, além de seu braço de asset management (gestora de recursos) a outras instituições.

Ontem, as units (pacote de ações) do BTG fecharam em alta de 1%, para R$ 20,20, após acumular queda de cerca de 35%, desde a prisão de Esteves, que renunciou à presidência do banco e saiu do bloco de controle do BTG, conforme anunciou a instituição financeira na quarta-feira.

A reação positiva das ações do BTG, contudo, não está atrelada ao seu recente processo de reestruturação, mas à abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, segundo analistas de mercado ouvidos pela Broadcast. As ações de outros bancos subiram fortemente com esse mesmo argumento: os papéis ordinários (ON) do Banco do Brasil (,40%); o BB Seguridade ON (8,43%); as ações preferenciais (PN) do Itaú Unibanco PN (6,35%); as PN do Bradesco (4,39%); as units do Santander (4,24%).

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Já os bônus da dívida com vencimento em 2022 do BTG seguem em rota de baixa e operam com retornos (yield) semelhantes aos de papéis em que o emissor já está reestruturando as suas dívidas. De acordo com uma fonte, a cotação para a compra já está abaixo de 40% do valor de face, em 36%. Desde o dia 25 de novembro, esses bônus já perderam mais de 40% de seu valor.

Liquidação

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O primeiro movimento nesse sentido foi o desinvestimento total na Rede D’Or para o fundo soberano de Cingapura (CIG), por R$ 2,38 bilhões. Também está encaminhada a negociação da Recovery, gestora de créditos vencidos e recebíveis, que tem como interessados os fundos Cerberus e Lone Star, segundo a Reuters. Com esse negócio, o BTG poderá levantar até R$ 1,2 bilhão, segundo fontes. A rede de estacionamentos Estapar é outro ativo ofertado pelo banco e tem gerado interesse. Fontes dizem que o banco almeja cerca de R$ 5 bilhões com esses desinvestimentos.

Outros ativos do portfólio de private equity em que o BTG deve encontrar compradores com mais facilidade, mesmo diante de grande competição no mercado pela forte onda de ativos à venda no Brasil, são Mitsubishi Motors, UOL e a rede de academias Body Tech. Há outros negócios menos atraentes, que também estariam à venda, de acordo com fontes, como a BR Properties, a BR Pharma, a varejista Leader, além da Bravante, que atua nas áreas de apoio marítimo.

Procurado, o banco não comenta as informações. Em entrevista na quarta-feira, Persio Arida, presidente do conselho de administração do BTG, confirmou que o banco fará uma série de desinvestimentos “que não fazem sentido para a atividade financeira” da instituição. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.