Os países que formam o grupo geopolítico do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) são “comprometidos” com o multilateralismo e devem mostrar ao mundo as vantagens de participarem de forma mais ativa da governança global, com a criação do fundo de contingências de US$ 100 bilhões e do Banco do Brics, instrumentos lançados na reunião de Fortaleza, em julho. O recado foi dado nesta terça-feira, 19, pelo economista Paulo Nogueira Batista, representante do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI), que participou das negociações para a criação das instituições.

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“Temos um multilateralismo falho, desenhado para uma realidade da segunda metade do século 20”, afirmou Batista a jornalistas, após dar palestra no 2º Congresso Internacional do Centro Celso Furtado, no Rio de Janeiro. Na qualidade de representante do Brasil e de outros dez países, o economista ressaltou na palestra que não fala em nome do FMI.

Além do comprometimento desses países com o multilateralismo, Batista destacou a postura do Brics com a governança do novo banco. Os cinco sócios terão o mesmo número de votos e o banco de desenvolvimento poderá financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável em qualquer país emergente.

Na palestra, Batista destacou que esses países, antes vulneráveis ou dependentes, tornaram-se hoje credores do FMI, mas têm um histórico de recorrer aos instrumentos da ordem econômica do pós-guerra (além do FMI, o Banco Mundial). “Vamos ter uma percepção do que é recorrer a esses instrumentos”, sugeriu Batista.

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O economista comparou a reunião de Fortaleza com a de Bretton Woods, nos Estados Unidos, da qual saíram a criação do FMI e do Banco Mundial. “Fortaleza ficou para a história como Bretton Woods, mas estamos no início do processo. Agora tem o trabalho duro, menos charmoso, de colocar as instituições para funcionar”, disse.

Esse trabalho menos charmoso, destacou Batista, é fundamental e não pode ficar solto. Na palestra, o economista ressaltou que 2014 é ano de eleições – além do Brasil, a África do Sul realizou pleito legislativo em maio. Após sua fala, ele disse que a influência do processo eleitoral no Brasil é uma “incógnita”, pois desconhece as propostas dos candidatos de oposição.

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“Se (a presidente) Dilma (Rousseff) for reeleita, haverá continuidade”, disse Batista, destacando que os temas internacionais não aparecem nos discursos de campanha.