Atuar em municípios com baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e recuperar empresas paradas são algumas das prioridades do novo presidente do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Carlos Marés, no cargo desde o último dia 11. Marés assumiu em substituição ao gaúcho Lélio Souza. ?A questão social é uma preocupação da diretoria do BRDE como um todo e também dos três governos (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), que juntos formam o banco de fomento?, afirmou Marés.
Nesse sentido, informou que o BRDE está realizando estudos para identificar os municípios com baixo IDH e o que eles produzem. ?Queremos agregar valor ao que já é produzido nessas cidades. Nossa idéia não é encontrar potencial econômico para investidores externos, mas sim buscar os investidores internos?, explicou. A idéia, segundo Marés, é firmar parcerias com a sociedade organizada – associações comerciais, de bairro, cooperativas – e prefeituras municipais para viabilizar o projeto. ?Dentro dessas organizações, nos oferecemos a treinar pessoas que possam elaborar projetos para o desenvolvimento econômico dessas regiões?, disse. ?Nossa preocupação é o desenvolvimento endógeno?, reforçou.
Outra frente em que Marés pretende trabalhar nos próximos 16 meses é a recuperação de plantas industrias desativadas, através tanto de cooperativas solidárias como de aquisição por outras empresas. ?Ainda que sejam investimentos privados, é melhor ter qualquer atividade do que nenhuma?, disse.
R$ 800 milhões
Atuando em linhas de financiamento de longo prazo para atividades econômicas – tanto urbanas como rurais -, o BRDE deve fechar o ano com R$ 800 milhões em financiamento. O montante, segundo Marés, ficou acima da expectativa inicial, que era R$ 700 milhões. Para o ano que vem, a previsão é de R$ 1 bilhão.
O aumento ocorreu mesmo em um periodo turbulento, marcado pela estiagem no início do ano que afetou a renda dos agricultores – os maiores tomadores de empréstimos do BRDE. ?A questão é que o pedido de financiamento para a safra já havia sido feito no ano anterior. Mesmo assim, a turbulência da seca trouxe efeitos como o aumento significativo da inadimplência?, destacou Marés, referindo-se ao aumento de 3% a 20% na taxa de inadimplência entre os produtores rurais. Segundo ele, porém, a situação já voltou à normalidade.
A falta de chuvas trouxe ainda outra conseqüência: o aumento de financiamento para a compra de pivô central de irrigação, que custa entre R$ 100 mil e R$ 250 mil. ?Só de pivôs, financiamos entre R$ 10 milhões e R$ 15 milhões?, disse.
Taxas de juros
Em relação às taxas de juros do BRDE, elas variam entre 3,5% e 4,5% ao ano para a agricultura familiar e entre 8,5% e 9,5% a.a. para os demais produtores rurais. Para pequenas empresas urbanas, a taxa média de juros é de 14% a 15% ao ano. ?Qualquer uma dessas taxas é muito menor do que o financiamento para capital de giro, que varia entre 28% a 30% ao ano?, comentou. Nesse sentido, Marés orienta que um futuro empreendedor utilize recursos próprios para o capital de giro e financie a implantação do projeto, e não o contrário. ?O problema é que as pessoas acham que têm capital para tudo e não fazem essa conta. O resultado é que acaba pagando juros muito mais altos quando contratam capital de giro.?
Marés admite, porém, que o acesso aos recursos do BRDE é burocrático. ?No caso da agricultura, a informalidade é maior, a burocracia não é tanta e pessoas físicas podem fazer o financiamento. Mas no caso de atividades urbanas, além dos juros serem maiores, exige-se, por exemplo, que a pessoa seja jurídica?, explicou. Segundo ele, a instituição trabalha no sentido de criar para atividades urbanas linhas comparáveis às que existem hoje para a agricultura. ?A questão é que isso remete a mudanças legislativas?, ponderou Marés.