Braskem propõe ao governo e à Petrobras novas condições para contrato de nafta

A Braskem pretende vincular o novo contrato de longo prazo para a compra de nafta petroquímica da Petrobras ao preço internacional do petróleo, e não mais à cotação da nafta comercializada no mercado europeu. Esse é um dos temas que deverá ser discutido em reunião de um grupo de trabalho, liderado pelo ministro de Minas e Energia Eduardo Braga, que tenta equacionar o impasse envolvendo a Petrobras e a Braskem. Desde 2013 as duas empresas buscam um consenso para a assinatura de um novo contrato de longo prazo.

Em meio a suspeitas de corrupção envolvendo a Braskem e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, a nova diretoria da estatal e o novo comando diretivo da petroquímica tentam dar andamento às negociações sobre nafta, principal insumo da Braskem.

O objetivo é a assinatura de um acordo de longo prazo, nos moldes do contrato com prazo de cinco anos, entre 2009 e 2014, e prorrogáveis por mais cinco anos. A Petrobras, contudo, optou por não prorrogar o acordo anterior e, desde o início do ano passado, a relação comercial entre as duas empresas é garantida a partir da assinatura de aditivos vinculados ao contrato original.

Um novo capítulo das negociações deve ocorrer nesta terça-feira, 21. Representantes da Braskem, da Petrobras e de diferentes esferas do governo devem se reunir para analisar nova proposta apresentada pela petroquímica, segundo apurou a reportagem do Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

Os valores cobrados pela Petrobras, conforme esta proposta, passariam a ser atrelados à trajetória do preço internacional do petróleo. Atualmente, a relação entre as empresas considera a cotação da nafta vendida na região conhecida como ARA, formada pelos mercados de Amsterdã, Roterdã e Antuérpia.

Na mesma proposta, a petroquímica sugere a criação de dispositivos que limitem o efeito da volatilidade do petróleo. Quando o preço internacional do barril estiver baixo, como é o caso atual, a companhia pagaria proporcionalmente mais pelo insumo. Quando o petróleo voltar a patamares mais elevados, por outro lado, a elevação de custos não seria repassada integralmente à Braskem.

“No momento o cenário é mais favorável à cadeia petroquímica, mas também haverá momentos mais positivos à indústria do petróleo”, afirma uma fonte com conhecimento sobre o assunto e que pediu para não ser identificada.

O cenário atual é mais favorável à Braskem porque o preço do petróleo está em baixa e, por consequência, o custo de derivados do petróleo, caso da nafta, também beneficia os compradores. Em períodos de petróleo mais valorizado, por outro lado, o custo da nafta sobe e a competitividade da Braskem em relação a petroquímicas abastecidas por gás natural encolhe.

Lava Jato

A negociação entre Petrobras e Braskem a respeito de um novo contrato de nafta ocorre em um momento no qual a relação entre as duas empresas é esmiuçada pela Polícia Federal no âmbito da Operação Lava Jato. O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef já deram depoimentos nos quais acusam o ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Braskem Alexandrino de Alencar de participação em práticas ilícitas.

Na última edição de sábado, o Jornal Nacional, da TV Globo, revelou o conteúdo de um relatório elaborado por uma comissão interna da Petrobras no qual são questionadas algumas condições do contrato com validade entre 2009 e 2014. O documento aponta que a Braskem teria sido favorecida nas negociações com a Petrobras, esta representada por Paulo Roberto Costa.

A Braskem, desde que foram revelados detalhes das delações feitas por Costa e Youssef, nega as irregularidades e alega que os contratos de nafta seguem “preceitos legais. Além disso, a companhia destaca que nunca foi favorecida com os contratos, os quais, por serem atrelados à cotação ARA, sempre tiveram referência em valores mais caros.

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