O impacto mais pesado nas contas do grupo Odebrecht, que teve prejuízo de R$ 1,58 bilhão no ano passado, vem de duas de suas principais apostas: a Braskem, indústria da área petroquímica, e a ETH, produtora de etanol. Nesses dois setores, nos quais a indústria como um todo enfrenta dificuldades, o grupo carrega dívidas que somam aproximadamente R$ 20 bilhões. A ETH, que passou a se chamar Odebrecht Agroindustrial, ainda está em fase de investimento. Desde 2007 o grupo já investiu quase R$ 10 bilhões na empresa, que já é a segunda do País em capacidade de moagem. Com os preços da gasolina na prática congelados pelo governo e as margens de lucro apertadas do etanol, a empresa teve prejuízo de R$ 898 milhões no ano passado.
O maior problema está na Braskem. Como a empresa responde por metade das receitas do grupo, seus resultados têm impacto direto nos números globais da Odebrecht. A empresa carrega uma dívida histórica, tomou dinheiro para fazer aquisições e financiar novos projetos. Ao mesmo tempo, enfrenta um mercado em momento difícil. A valorização do dólar no ano passado aumentou sua dívida, de mais de R$ 12 bilhões, provocando um prejuízo de mais de R$ 700 milhões em 2012.
Fora dessas duas áreas problemáticas, o quadro da Odebrecht é bem mais animador. A empresa de empreendimentos imobiliários lucrou quase R$ 300 milhões no ano passado e a Odebrecht Transport, concessionária na área de transportes criada há menos de cinco anos, deu um resultado positivo de R$ R$ 268 milhões.
Mas quem salvou o ano foi a Construtora Norberto Odebrecht (CNO), que deu origem ao grupo. A empresa foi responsável por um lucro de R$ 804 milhões no ano passado. O detalhe é que 70% da receita da construtora veio de obras no exterior.
Dentro da construtora, o foco é aumentar a presença no exterior e depender cada vez menos do Brasil, mesmo caminho que deve ser seguido por outras empresas do grupo como Odebrecht Oil & Gas e pela Odebrecht Energia que, segundo executivos, estariam enxergando oportunidades melhores lá fora do que no País. Do investimento previsto de R$ 47,5 bilhões para os próximos três anos, R$ 21 bilhões devem ser aplicado no exterior. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.