São Paulo – Os dekasseguis – brasileiros que vivem no Japão -, enviaram US$ 2,2 bilhões no ano passado ao Brasil. Já os brasileiros que vivem nos Estados Unidos, enviaram US$ 1,9 bilhão para o País em 2004. Ao todo, no ano passado, o Brasil recebeu US$ 5,824 bilhões remetidos por brasileiros que moram fora do País, segundo dados do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Apelidados de ?brazucas?, aqueles que moram nos EUA enviaram para cá mais do que as empresas ganham com as exportações de carne bovina.
Tarcisio Bortoletto, diretor-geral para o Brasil da Western Union International, afirma que as remessas para o Brasil crescem entre 15% e 20% ao ano. Não significa, porém, que seja crescente o número de brasileiros que trabalham no exterior. Segundo ele, ficou mais fácil e mais barato enviar dinheiro para o Brasil pelos mecanismos formais. Por isso, os brasileiros estão usando menos doleiros e mais os mecanismos regulares de transferência de dinheiro.
?Há cinco anos, cada remessa de US$ 300 para o Brasil custava entre US$ 25 e US$ 30. Hoje, não passa de US$ 12. Além disso, a transferência é instantânea?, afirma.
Um estudo do BIB revela que 1,3 milhão de brasileiros recebem dinheiro de parentes que vivem fora do País. Em média, recebem nove remessas por ano. A quantia média enviada por vez é de US$ 428. A maioria desses pessoas -62% do total – começou a receber dinheiro há menos de três anos. E a maioria, 60%, também reconhece que a vida melhorou depois disso.
Segundo o levantamento, 82% dessas pessoas recebem o dinheiro por meio de um banco ou de uma empresa de remessa internacional, o que mostra que as remessas ilegais diminuíram. A Western Union Internacional, por exemplo, tem parceria com o Banco do Brasil para remessa de dinheiro. O brasileiro que mora nos Estados Unidos ou em algum país da Europa procura uma loja da empresa e faz a remessa. O pagamento aqui é feito pelo Banco do Brasil.
Bortoletto conta que os brasileiros são conhecidos por prestar bons serviços lá fora, em várias áreas. Nos Estados Unidos, é comum que trabalhem como pintores. Na Irlanda, muitos são açougueiros que partiram da região de Presidente Prudente depois da desmobilização de grandes frigoríficos. Não há, porém, um movimento mais forte de emigração do que em períodos anteriores.
?A emigração é permanente. Não ocorreu nenhuma reversão neste fenômeno. Agora, por exemplo, seguem para a Europa pessoas em busca de empregos temporários de verão. No caso dos Estados Unidos não há sazonalidade, pois quem consegue entrar evita sair?, disse.
Augusto Braúna, diretor da área internacional do Banco do Brasil, informa que o banco tem depósitos de US$ 1,5 bilhão apenas de brasileiros que moram no Japão, os dekasseguis. ?Esse, dinheiro, captado no exterior ajuda a financiar as nossas exportações?, explica o executivo. Braúna lembra que a ida de brasileiros para o Japão começou há 15 anos. Lá, por exemplo, o banco tem sete agências.
Dekasseguis poupam mais
São Paulo – Estima-se que 280 mil brasileiros trabalhem hoje no Japão. O valor médio de cada remessa dos dekasseguis é maior que o dos ?brazucas? e atinge US$ 1.500. Em média, brasileiros no exterior fazem sete remessas por ano para o País.
Os dekasseguis também são bons poupadores e, ao contrário dos brazucas, que quando dão certo tendem a estabelecer residência fixa nos Estados Unidos, eles voltam para investir no Brasil.
?Eles chegam a juntar até US$ 100 mil e muitos não têm idéia do que fazer com o dinheiro quando chegam aqui. Por isso, prestamos consultoria lá e aqui, por meio da Fundação Banco do Brasil?, disse Braúna.
Pedro de Vasconcelos, coordenador do Programa de Remessas do BID, afirma que remessas do Japão e Estados Unidos estão estabilizadas, mas há um movimento crescente nos países da Europa. Em 2004, essas remessas somaram US$ 900 milhões. O Banco do Brasil já notou essa tendência e já estuda aumentar seu número de agências em Portugal.