O candidato brasileiro para o comando da Organização Mundial do Comércio (OMC), o embaixador Roberto Carvalho de Azevêdo, disse que o impasse nas negociações sobre a Rodada de Doha coloca o papel da instituição em risco.
As negociações começaram em 2001, com o objetivo de integrar os países em desenvolvimento no mercado global. As conversas, porém, estão paradas há mais de um ano, principalmente em função de discordâncias sobre regras para a produção agrícola. Enquanto isso, países como os Estados Unidos optam por avançar com acordos bilaterais.
Segundo Azevêdo, a OMC não pode discutir outros assuntos importantes antes de resolver a questão da Rodada de Doha. “O que está colocando a OMC em risco é a própria OMC, porque os membros não conseguem chegar a um acordo sobre negociar uma solução para um sistema multilateral. A rodada ainda está inacabada e está bloqueando e paralisando o sistema. Essa é a realidade”, comentou o brasileiro.
Azevêdo está disputando o comando da OMC com outros oito candidatos, após a renúncia de Pascal Lamy, em agosto do ano passado. Segundo uma tradição de alternância, o sucessor de Lamy, que é francês, deve vir de um país em desenvolvimento. O processo não é nada transparente. Um pequeno grupo de intermediários vai consultar os países membros para avaliar o apoio para cada candidato, e depois recomendará aos concorrentes menos cotados que desistam da disputa. O processo se repete até que haja apenas um candidato, o que deve ocorrer em abril ou maio. Um resultado oficial deve ser divulgado em 31 de maio.
O embaixador brasileiro disse que tem experiência e apoio político para fazer os 158 membros da OMC chegarem a um acordo. “Se um membro disser ‘não’, mesmo que seja apenas um membro, não dá certo. É muito fácil bloquear as coisas na OMC. É exatamente por isso que nós estamos empacados com a Rodada de Doha”, comentou. Ele é o representante do Brasil na instituição desde 2008.
Azevêdo acabou de voltar ao País de um viagem pelo Caribe e deve embarcar ainda nesta quarta-feira para a África, em busca de apoio a sua candidatura. Ele também viajou pela América Latina e Europa, e ainda planeja visitar a Ásia. As informações são da Dow Jones.