Brasileiro quer retorno alto sem riscos, apura pesquisa

Se não quiserem correr riscos, os investidores brasileiros terão de se adaptar à nova realidade do País, de menores retornos financeiros. A opinião é do diretor e responsável pela Franklin Templeton Investments no Brasil, Heitor de Souza Lima, ao analisar a Pesquisa Global de Opinião dos Investidores feita pela empresa. “Diante de um novo panorama de juros baixos, o brasileiro vai viver um dilema: ou aumenta os riscos ou reduz a expectativa de retorno.”

De acordo com o levantamento, o brasileiro tem uma das maiores expectativas de retorno do mundo mas é um dos menos propensos a ter perda nas aplicações: 48% dos investidores do País esperam obter retorno entre 5% e 15%, o que Lima classifica de “número relevante”. Outros 30% acreditam que obterão um retorno de 15% a 25%. “Esse retorno alto é muito advindo do que o País teve nos últimos anos, porém é uma situação que não vai se repetir daqui para frente.”

Há, no entanto, outro dado relevante no estudo. São poucos os brasileiros investidores. O resultado aponta que 33% dos brasileiros não têm qualquer tipo de investimento, 29% têm imóveis e 7,7% investem em renda variável. “Com esse aumento da classe C, você começa a ter pessoas preocupadas com suas aposentadorias, por exemplo. Tudo isso parte do aumento da renda da população e houve um inequívoco avanço nesse aspecto.” afirmou Lima.

Lima observou que a importância que o investidor brasileiro dá é para o retorno garantido, ou seja, não está disposto a perder dinheiro. “Isso acontece porque, até hoje, o investidor brasileiro tem surfado essa onda de juros reais altos e conseguia ter um retorno bem razoável, com pouquíssimo risco.”

O panorama do País está mudando e os investidores precisam adaptar suas expectativas. “Os juros tendem a ser certamente mais baixos do que foram no passado. Os retornos também serão menores. A própria poupança, que dava o retorno sem risco, já não dá mais o mesmo retorno”, afirmou o executivo.

Otimismo

Na pesquisa, 22% dos aplicadores brasileiros se declararam extremamente otimistas, 23% muito otimistas, 18% otimistas, 26% neutros e 6% um pouco pessimistas em relação à perspectiva econômica do País nos próximos três anos. “O brasileiro é um dos mais otimistas, muito por conta da boa performance da economia brasileira dos últimos anos. E é natural que o investidor na Europa, por exemplo, seja mais pessimista que o do Brasil”, disse Lima.

A pesquisa da Franklin Templeton apontou ainda que os brasileiros não se entusiasmam tanto com o investimento internacional. Questionados sobre onde aplicariam se tivessem de escolher um só lugar, a maioria (74%) respondeu o próprio País. “Esse investimento fora do país para pessoas físicas é possível através de fundos multimercados que investem até 20% fora, mas ainda é um porcentual baixo que é utilizado para isso, então os próprios gestores vão ter de aprender como fazer isso se quiserem ampliar o cardápio de investimentos”, declarou Lima.

Foram entrevistados 20.623 investidores de 19 países: Brasil, Chile, México, Canadá, Estados Unidos, Austrália, China, Japão, Hong Kong, Índia, Malásia, Coreia do Sul, Cingapura, Bélgica, França, Alemanha, Itália, Polônia e Reino Unido. As entrevistas foram feitas entre 30 de janeiro e 13 de fevereiro, com exceção do Canadá, onde a pesquisa foi realizada de 02 a 08 de março.

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