A quantidade de brasileiros em Portugal não para de crescer. Nem todo mundo, no entanto, tem o status de investidor, que é recebido de braços abertos pelo governo português. Embora empresários e investidores de grande porte também façam parte da nova onda de imigração brasileira para Portugal, há muita gente que, mesmo com algumas economias no bolso, ainda precisa “se virar” quando chega ao País.

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Somente nos últimos três anos, segundo estatísticas oficiais do governo de Portugal, mais de 30 mil brasileiros obtiveram a cidadania por descendência – a alta nas concessões é perceptível a partir de 2015 e coincide com a mudança da legislação, que estendeu o direito a todos que comprovarem ser netos de portugueses.

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Depois de vários anos de queda, o total de brasileiros vivendo oficialmente em território português voltou a crescer – saltou de pouco mais de 81 mil para 85 mil, no ano passado. Além disso, documentos de órgãos oficiais também relatam uma alta de italianos vivendo em solo lusitano. No entanto, o próprio governo afirma que esse contingente, na verdade, é composto por brasileiros com dupla cidadania.

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Auxílio

Todo esse fluxo migratório está em busca de oportunidades para ganhar dinheiro. Veterana em Portugal, a catarinense Liliani Wietcovsky é dona de uma empresa de festas nos arredores de Lisboa há seis anos, na qual é sócia da portuguesa Paula Mendes. De tanto atender à crescente comunidade brasileira no país, acabou se tornando uma espécie de consultora de negócios. “Estou pensando em começar a cobrar”, brinca.

A chegada da nova onda de imigrantes brasileiros, a partir de 2014, mudou o perfil da Lima Limão, que por muito tempo trabalhou quase exclusivamente para clientes portugueses – tanto que sua maior especialidade são os batizados, celebração que, em Portugal, é motivo para grandes recepções.

Com a vinda de mais brasileiros de classe média alta para Portugal, esse perfil começou a mudar, conta Liliani. Entraram em cena e se tornaram mais comuns no país as grandes produções para aniversários infantis. Ela diz, porém, que o brasileiro se mostra mais comedido para esse tipo de gasto em Portugal – ainda que não o abandone totalmente. “Se a pessoa gastava facilmente R$ 20 mil em São Paulo, aqui ela se contenta com algo menor, que vai custar 1,5 mil euros (cerca de R$ 7 mil).”

Conversando com os brasileiros “novatos” no país, a empresária diz que a maior parte das ideias de negócios é relacionada a serviços comuns no Brasil que ainda não são populares em Portugal. “As pessoas querem fazer delivery ou até mesmo abrir salão de festas. Mas eu não ligo, já tenho minha clientela.”

Conselhos jurídicos

De forma mais oficial, o advogado pernambucano Agenor Leite, de 33 anos, que migrou para Portugal há um ano e já conseguiu validar o diploma de Direito do Brasil para trabalhar em escritório português, também auxilia brasileiros interessados em se estabelecerem em Portugal. E já consegue transformar esse mercado em renda: para quem busca cidadania ou visto de investidor, ele cobra uma taxa de 250 euros por consulta jurídica. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.