economia

Brasil vive nova década perdida, diz secretário do Tesouro

O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto de Almeida, disse nesta terça-feira, 7, que, a exemplo dos anos 80, o Brasil vive mais uma década perdida em virtude de erros cometidos por governos passados. Ao abrir um congresso realizado na capital paulista pela Apimec, Mansueto observou que o País terá que crescer a um ritmo anual de 3% para anular completamente os efeitos da última recessão.

“A década de 80 ficou conhecida como a ‘década perdida’ porque o PIB per capita cresceu pouco. Nós estamos numa década perdida. Se o Brasil crescer 3% até 2020, vamos recuperar o que produzimos em 2011 e 2012”, disse o secretário do Tesouro.

A boa notícia, ponderou o secretário, é que a economia tem condições de crescer entre 3% e 4% ao ano, dado o cenário de juros mais baixos, com inflação controlada e uma ociosidade que abre uma “avenida” para o crescimento nos próximos anos sem grande pressão inflacionária.

A condição para isso, conforme sustentou, é que o País persista na agenda de reformas, em especial a reforma da Previdência, cuja importância foi ressaltada em boa parte da palestra do secretário.

Ao tratar da insustentabilidade do modelo previdenciário atual, Mansueto assinalou que o Brasil caminha para ter até 2060 a mesma estrutura demográfica do Japão – país que tem a maior proporção de idosos do mundo -, com a diferença que já gasta mais com a Previdência Social.

“O Brasil não será mais um país jovem nos próximos 30 ou 40 anos … Os países crescem menos quando ficam velhos”, frisou o secretário do Tesouro, acrescentando que o risco será “muito grande” se o País não chegar a consenso nem em relação à proposta de idade mínima de aposentadoria de 65 anos, com período de transição de duas décadas.

Mansueto observou que, se hoje entre sete e oito trabalhadores sustentam os pagamentos de aposentados com mais de 65 anos, em 2060, essa relação vai cair para dois brasileiros na ativa a cada aposentado. “Essas duas pessoas terão que produzir o que hoje é produzido por sete.”

O secretário citou o aumento de gastos, mais do que a redução das receitas, como a principal origem do buraco nas contas públicas do País. E, embora não tenha citado nomes, fez críticas a decisões de governos passados, como o isolamento comercial e o programa de financiamento estudantil, o Fies, que, conforme Mansueto, entrega ao governo uma conta, referente à inadimplência dos alunos, de R$ 5 bilhões por ano.

Após reduzir os investimentos públicos pela metade para dar espaço a outras despesas no Orçamento – que agora tem um limite aos gastos públicos -, o setor público, pontuou o secretário, não conseguirá fazer nenhum investimento se não promover ajustes estruturais que atinjam gastos obrigatórios, caso da Previdência.

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