Washington (EUA) – O Fundo Monetário Internacional fez uma leitura equivocada da dinâmica da economia brasileira, disse na última sexta-feira (19) o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao avaliar os dados do Panorama Econômico Mundial, lançado pelo fundo nesta semana. A estimativa de crescimento da economia brasileira em 2008 é de 4%. Para este ano, o FMI manteve o índice de 4,4%.
?[A previsão] demonstra o desconhecimento do que está acontecendo no Brasil, que está crescendo de forma robusta, impulsionado por um mercado interno crescente e que vai desembocar talvez no melhor Natal dos últimos tempos. Nós vamos ter um Natal muito rico no Brasil no final de 2007. Tudo indica que o nosso crescimento atingirá algo como 4,7%, 4,8% do PIB em 2007?, afirmou Mantega na sede do FMI, em Washington.
De acordo com o ministro, a economia também estará aquecida no ano que vem, com um crescimento em torno de 5%. ”A economia passa aquecida para 2008, passa com o setor de construção civil aumentando a sua produção, passa com um nível de investimento bastante elevado. Não há nenhuma razão para haver desaceleração da economia".
O Brasil levou para a reunião anual do FMI e do Banco Mundial uma reivindicação antiga: participação mais significativa dos países emergentes nas decisões. Houve mudanças no ano passado, mas o Brasil, que é membro fundador do FMI e possui hoje 1,47% do poder de voto, ficou de fora. Apenas China, Turquia, Coréia do Sul e México conseguiram cotas maiores.
O assunto foi levado pelo ministro da Fazenda aos países do G-4, grupo formado também por Índia, China e África do Sul. Para ele, com a crise no mercado imobiliário dos Estados Unidos, os países emergentes mostraram que estão mais sólidos do que os desenvolvidos e por isso merecem mais espaço.
?Nós estamos insatisfeitos com os avanços dos trabalhos em relação à participação dos países emergentes nas decisões, nas cotas, na voz. Achamos que o processo avançou pouco e corremos o risco de desmoralizar o Fundo Monetário. Corremos o risco de que não tenha mais nenhuma função a desempenhar caso ele se desvincule, perca essa legitimidade que teria caso atribuísse um peso maior aos países emergentes. A crise do subprime [crédito imobiliário de risco] é importante para demonstrar quem é que está tendo um dinamismo maior, quem é que está ajudando a manter o equilíbrio da economia mundial e quem está atrapalhando.?
Segundo o ministro, o FMI está passando por uma crise de identidade e se não houver mudança, os países emergentes vão criar outras instituições para substituí-lo no futuro. ?Acho que o fundo pode ser recuperado, ele tem jeito, mas desde que aceite passar por transformações importantes?.