Ao participar, ontem, da inauguração do centro de distribuição de mercadorias da empresa Casas Bahia, em São Bernardo do Campo (SP), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o governo tem demonstrado que é possível fazer o Brasil crescer e, ao mesmo tempo, distribuir renda para os mais pobres. ?No Brasil, nem todo mundo evoluiu a ponto de compreender que a transferência de renda é a melhor forma que a gente tem para fazer o País crescer?, disse o presidente.
Lula voltou a ressaltar que o Psaís está no rumo certo e citou, como exemplo, o aumento do salário mínimo. Segundo ele, em 2003, quando assumiu o governo, o cidadão comprava uma cesta básica com o salário mínimo. Agora, ele pode adquirir duas cestas básicas com o mínimo.
?A combinação de uma seriedade de política fiscal, do rígido controle da inflação com a correta política de distribuição de renda é algo que pode garantir qualquer país do mundo?, enfatizou o presidente.
Casa própria
Lula também visitou, ontem, o Feirão da Casa Própria, promovido pela Caixa Econômica Federal na capital paulista. Segundo o presidente, a Caixa tem R$ 10 bilhões para investir na construção de casas destinadas a pessoas com renda de até cinco salários mínimos e mais R$ 8,7 bilhões para a classe média.
?A Caixa Econômica, hoje, vive o seu melhor momento. Ou seja, eu acredito que, em nenhum momento da história, a Caixa Econômica esteve na situação em que está: tem muito dinheiro para financiar, os empresários estão felizes, porque a construção civil está andando, os corretores estão felizes, porque tem gente comprando casa, e eu estou feliz, porque sonho que, um dia, o Brasil não terá mais déficit habitacional?, afirmou.
Juros
Lula voltou a dizer, ontem, que a taxa de juros deve cair mais. Atualmente, a taxa básica de juros (Selic) está em 15,75% ao ano. ?Nós conquistamos as condições para reduzir as taxas de juros e ela está acontecendo. Estamos com um olho na inflação e um olho na queda dos juros?, afirmou o presidente.
Segundo ele, ?os juros vão continuar caindo. A situação econômica está sólida, o País está crescendo, o salário está aumentando, o salário mínimo aumentou. Isso é o que interessa para o povo brasileiro, ele está comprando mais, está comendo mais?.
O presidente destacou ainda que o Comitê de Política Monetária (Copom), ligado ao Banco Central, já reduziu a taxa por sete vezes consecutivas. Lula negou que existam atritos entre o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o Banco Central a respeito da redução dos juros.
?Não tem que ter duas posições, tem que ter uma posição. Qual é a posição? É a do governo. O Banco Central se enquadra, o Ministério da Fazenda se enquadra, eu me enquadro e todo mundo trabalha tranqüilo.?
O presidente acrescentou que qualquer divergência será resolvida por ele: ?Se alguém tem divergência com alguém, essa divergência será dirimida pelo presidente da República. Nem o Banco Central está lá para divergir do Guido e nem o Guido está lá para divergir com o Banco Central. Eles estão lá para trabalhar e dar resultados positivos para a sociedade brasileira?.
Presidente vai discutir com Morales EBX e Petrobras
São Paulo (AE) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que pretende conversar com o presidente da Bolívia, Evo Morales, sobre os problemas que as empresas brasileiras Petrobras e a siderúrgica EBX podem sofrer com a nova política do governo boliviano. Morales tem ameaçado nacionalizar companhias internacionais que operam no mercado da Bolívia. Lula ressalvou, entretanto, que não foi procurado, até o momento, pela direções da Petrobras e da EBX para tratar do problema.
?Eu não conversei ainda com os empresários e com a Petrobras, até porque, até agora, ninguém procurou o presidente da República. Quando as pessoas procurarem, nós vamos sentar e pode ficar certo que será resolvido, porque na minha mesa não fica uma pendência por muito tempo, sobretudo, quando se trata de fazer acordo?, ponderou.
Embora tenha dito que não negocia política internacional por intermédio da imprensa, o presidente da República fez questão de manifestar otimismo para chegar a um acordo com Morales. Reiterou também que o presidente boliviano tem todo o direito de defender os interesses da Bolívia, por ser um representante eleito democraticamente pela maioria do povo, além de ser ?uma coisa extraordinária? o fato de ser um índio o presidente boliviano.
?Até agora, eu termino meu mandato e não briguei com ninguém. Quando tomei posse, diziam que eu ia brigar com os Estados Unidos e nunca briguei com os Estados Unidos. Temos uma relação extraordinária e por que eu brigaria com Evo Morales? Se tem divergência, nós vamos sentar numa mesa e chegar a um acordo?, argumentou. ?Eu não quero que o Brasil tenha nenhum problema nesse mar de tranqüilidade que estamos vivendo?, adicionou.
Não constrói
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, qualificou como ?atitude que não constrói? a decisão do governo boliviano de pedir a retirada da EBX Siderúrgica do país. A Bolívia considera também a possibilidade de estatizar ativos estrangeiros. Furlan afirmou que as autoridades brasileiras continuam a dialogar com o governo boliviano e que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Itamaraty responderão as questionamentos sobre que atitudes serão tomadas em relação à Bolívia.