Brasil terá inflação maior, de 5,9%, em 2014, prevê OCDE

Mesmo com a economia mais lenta, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) aumentou a previsão de inflação para o Brasil. O aquecido mercado de trabalho e os gargalos no lado da oferta geram essa situação, diz a Organização, que reúne as principais economias desenvolvidas do mundo. Para reduzir a inflação, a organização sugere um Banco Central independente, o fim da vinculação entre aumentos do salário mínimo e dos benefícios sociais e o término do crédito subsidiado no País.

O documento Economic Outlook, divulgado nesta terça-feira, 6, em Paris, prevê que a inflação terminará o ano de 2014 em 5,9% no Brasil. A expectativa é maior do que citada em novembro do ano passado, quando a OCDE apostava em alta de 5%. Para 2015, a OCDE também elevou sua estimativa para a inflação, de 5,1% para 5,5%.

Há grande diferença da expectativa de inflação para o Brasil com o restante dos países do estudo. Para 2014, por exemplo, a OCDE prevê alta dos preços de 1,6% na média dos 34 países da entidade, sendo 1,3% nos Estados Unidos, 0,7% na zona do euro e 2,6% no Japão. Para a China, há expectativa de alta de 2,4%. Para 2015, a expectativa de inflação média para os países da OCDE acelera para 1,9%, mesmo assim muito longe da previsão para o Brasil.

“O mercado de trabalho continua apertado, dando origem a pressões salariais persistentes apesar do crescimento lento do emprego. Restrições no lado da oferta incluem o lento crescimento dos investimentos, os gargalos de infraestrutura, proteção comercial, impostos elevados e distorções e baixos níveis de capital humano e físico”, diz o relatório da OCDE, ao comentar algumas das razões da inflação elevada no Brasil.

Ainda sobre a inflação, a OCDE diz que o Banco Central aumentou “adequadamente” a taxa de juros para combater a remarcação de preços. “As pressões inflacionárias vão recuar lentamente à medida que os efeitos das políticas macroeconômicas contracionistas tornam-se mais visíveis”, destaca o documento.

Apesar do elogio ao BC, a Organização diz que é preciso continuar com o esforço para ancorar as expectativas. “Manter as expectativas de inflação ancoradas exigirá ação política monetária firme e contenção nos volumes de crédito oficial. O aperto da política fiscal planejado para 2014 precisa ser executado”, diz o texto.

Diante da reação já executada, dos passos prometidos pela equipe econômica brasileira e do fraco aumento da produtividade da economia nacional, a entidade prevê que o processo de desinflação “terá custos em termos de crescimento e desemprego”. “Mas atrasar a ação só aumentaria os custos. O aumento mais rápido no investimento em infraestrutura, o fim de barreiras comerciais e a reforma tributária são necessários para aumentar o crescimento potencial”, diz o relatório, ao comentar que uma “agenda política ambiciosa das autoridades para o investimento em infraestrutura pode proporcionar algum alívio” no crescimento potencial.

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