O Brasil continuará acumulando reservas para não depender da ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI), ainda marcado por um estigma, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, na reunião do Comitê Monetário e Financeiro do Fundo.
O Comitê é o órgão político mais importante da instituição.
“O estigma associado aos programas do FMI continua sendo uma preocupação importante”, disse o ministro, “não só em termos de percepção de mercado, mas também politicamente”. Isso mudará somente quando se enfrentar de modo efetivo “o déficit de legitimidade” da instituição, acrescentou.
O Brasil, segundo Mantega, não está disposto a trocar a acumulação de reservas pela dependência de uma rede multilateral de segurança. “Reservas elevadas foram um fator muito relevante para nossa capacidade de atravessar a última crise em condições comparativamente boas”, afirmou.
Desde o ano passado, dirigentes e economistas do Fundo têm defendido menor acumulação de reservas pelas economias superavitárias – como parte de um rebalanceamento da economia mundial, ainda polarizada entre os Estados Unidos, com excesso de consumo e déficits enormes, e a China, com baixo consumo e superávits gigantes.
O Fundo tem melhorado suas políticas, de acordo com o ministro, mas precisa avançar mais depressa e mais ambiciosamente na redistribuição de cotas e de poder de voto a favor das economias emergentes e pobres, disse o ministro. Ele insistiu na transferência de cotas das economias com excesso de representação para aquelas com grande peso econômico e pouco poder de voto.