Brasil tem poucas multinacionais, segundo a CNI

Em meio a um esforço para tentar melhorar a balança comercial e aumentar as exportações, uma parte essencial desse movimento ainda aparece timidamente nos planos do governo brasileiro: o incentivo para que as grandes empresas do País façam investimentos no exterior. Um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) obtido pelo jornal o Estado de S. Paulo mostra que as empresas do País que fizeram esse movimento sobreviveram melhor à crise econômica e, ao contrário das demais, ainda conseguiram conquistar novos mercados mesmo em tempos de recessão. Ocorre que elas ainda são apenas cerca de meia centena no Brasil.

De acordo com o estudo da CNI, a internacionalização das empresas brasileiras é “incipiente e tem baixo dinamismo” e não há uma política adequada e organizada de incentivo. “Apesar da existência de iniciativas positivas, como o apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), é um fato que o Brasil não conta com uma política de apoio à internacionalização de suas empresas, com investimentos diretos no exterior (IDE). Por política se entende um conjunto de iniciativas e ações públicas minimamente coordenadas, consistentes entre si, envolvendo distintos órgãos públicos e parcerias com o setor privado”, diz o texto.

O estudo não aponta culpados, mas identifica um temor presente de que a decisão de investir no exterior termine por exportar recursos e empregos do Brasil para outros países. “Fala-se que haveria o problema de que ao fazer esse investimento estaríamos exportando empregos ou fortalecendo competidores da nossa exportação, mas isso não existe. Os ganhos são enormes, com uma gestão mais sofisticada, de maior qualidade, maior competitividade e mais acesso à tecnologia. Isso não fica apenas no exterior, volta para o Brasil”, diz Soraya Rosar, gerente-executiva de Negociações Internacionais da CNI.

O levantamento feito pela Confederação mostra que 41 empresas brasileiras têm hoje atividades produtivas no exterior. Todas tiveram uma expansão contínua na última década. Entre 2001 e 2013 as transnacionais brasileiras cresceram em média 12,4% ao ano, enquanto as nacionais ficaram em 10,3%. Depois da crise de 2008, as diferenças se acentuam. Essas empresas cresceram 0,9% em 2012, enquanto as nacionais encolheram 10,3%. Em 2013, as multinacionais brasileiras exportaram 22% a mais do que no período pré-crise.

Com atuação em 34 países, o Grupo Stefanini é uma das empresas brasileiras com maior presença internacional. Marco Stefanini, CEO do grupo, afirma que os temores não tem fundamento. “Ao contrário, você se fortalece no Brasil. A internacionalização nos ajuda a aparecer como um provedor global. Em um mercado global como temos hoje, muitas vezes é a matriz que decide. Se você não é conhecido lá, fica fora”, afirmou. “É um mecanismo de defesa tanto quando de ataque. Você se integra na cadeira global. O isolamento mata”.

Maior petroquímica das Américas, a Braskem trabalha na construção de um polo industrial em Veracruz, no México, com a sócia local Idesa, um investimento de US$ 5 bilhões. Diretor de Planejamento Estratégico da empresa, Pedro Freitas explica que a empresa começou a estudar a internacionalização em 2005 e começou efetivamente em 2010, com a decisão de investir no México. Sem sair do Brasil, explica, a empresa teria seu crescimento limitado. Mas, ao mesmo tempo em que investia lá fora, a Braskem inaugurou quatro plantas no Brasil. E continuou exportando daqui. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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