Brasil tem energia, mas falta infra-estrutura

A falta de investimento em infra-estrutura e logística é um dos principais entraves que põem em risco o ciclo de crescimento econômico brasileiro. A opinião é do presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, que esteve ontem em Curitiba participando da solenidade de entrega da Ordem do Mérito Industrial Nacional e comemoração dos 60 anos da Fiep.

“Estamos vivendo um momento auspicioso, com o País retomando o processo de crescimento econômico e que aponta para taxas de crescimento superiores à média histórica. É algo que a gente tem que saudar. Mas há preocupação com a duração desse ciclo de crescimento”, ponderou Monteiro Neto. Segundo ele, a falta de investimentos em infra-estrutura e logística é uma das grandes barreiras que podem prejudicar a continuidade do crescimento.

Para o presidente da CNI, o investimento em infra-estrutura depende de marco regulatório que garanta segurança ao investidor. “Ninguém faz investimentos nessa área sem garantias, sem segurança. Os marcos regulatórios, como de energia, saneamento, são imprecisos ainda”, lamentou.

Apesar disso, Monteiro Neto vê com otimismo o cenário brasileiro a curto prazo. “Temos energia para continuar a crescer em 2005. O País tem horizonte de três anos que é razoavelmente tranqüilo. O que preocupa é a logística, transportes, portos, que são limitados”, afirmou, lembrando que o sistema viário atual é de oito a dez anos atrás.

Segundo o presidente da CNI, o Brasil precisa, no mínimo, de 20% de taxa bruta de capital, que amplie na seqüência para 22% a 23%. Com esses índices, de acordo com Monteiro Neto, o País poderia crescer 4% ao ano. “Atualmente o índice deve estar em 19%”, afirmou, referindo-se ao nível de investimento.

Sobre a Parceria Público-Privada (PPP), Monteiro Neto salientou que não se trata de uma “panacéia, que vai resolver tudo”. “É um instrumento utilizado no mundo com sucesso, mas que por si só não resolve a questão”, ponderou.

Homenagem

Para o empresário Cláudio Petrycoski, da Atlas Eletrodomésticos, que recebeu das mãos do presidente da CNI a medalha de Mérito Industrial, o crescimento econômico do País está ocorrendo, mas não por mérito do governo federal. Um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT), Petrycoski se desfiliou do partido em 2003, quando Lula assumiu. “Saí decepcionado com as promessas de mudanças que não ocorreram”, afirmou. A Atlas produz, por mês, cerca de 80 mil fogões, além de máquinas de lavar roupa e louça na unidade de Caxias do Sul (ex-Enxuta), sendo que quase 20% é para exportação. A expectativa é fechar 2004 com produção de aproximadamente 1,3 milhão de unidades. No primeiro semestre, a empresa apresentou crescimento de 35% a 40% em relação ao ano passado, e o faturamento para este ano está previsto em R$ 300 milhões. Petrycoski é o quinto paranaense a receber o prêmio de abrangência nacional.

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