Apesar de todo o esforço do governo federal para alavancar as exportações brasileiras, os US$ 96,5 bilhões (R$ 248,4 bilhões) obtidos no ano passado pelo País corresponderam a apenas 1,1% do volume de comércio que circulou entre todos os países do mundo, segundo o estudo ?Comércio Mundial 2004, Perspectivas para 2005?, divulgado ontem pela OMC (Organização Mundial do Comércio). O Brasil ocupou a 25.ª posição no ranking dos 30 maiores exportadores mundiais da OMC, atrás de países como México – que teve participação de 2,1% e ficou na 13.ª posição – e Rússia (2%, 14.ª posição). Em 2002, o Brasil era o 26.º do ranking.
Em termos de expansão, no entanto, vê-se que o Brasil fez um avanço mais significativo. As exportações brasileiras subiram 32% em 2004, na comparação com os resultados de 2003. O crescimento brasileiro só foi superado pelo da Polônia (que foi de 38%, mas só conseguiu alçar o país à 30.ª posição, com 0,8% de participação no comércio mundial), da China (35% de expansão, com 6,5% de participação, que lhe rendeu a 3.ª posição) e da Rússia (com o mesmo crescimento da China).
As exportações no ano passado foram lideradas pela Alemanha, com 10% de participação, um crescimento de 22% na comparação com 2003. As importações foram lideradas pelos EUA, com 16,1% de participação e 17% de crescimento no ano. Nas importações, o Brasil ficou em 29.º lugar, com 0,7% de participação e 30% de expansão em relação a 2003.
No setor de exportação de serviços a situação brasileira foi desalentadora no ano passado, a ponto de nem figurar entre os 30 maiores. Na importação de serviços tampouco há o que comemorar, uma vez que o Brasil ficou em 30.º lugar, com 0,8% de participação e 12% de expansão em relação ao ano anterior.
No caso dos serviços, exportações e importações foram lideradas pelos EUA, com participação de 15,2% e de 12,4% respectivamente.
Para 2005, o ritmo de expansão do comércio mundial deve desacelerar, continuando um processo de desaquecimento em ação desde o segundo semestre do ano passado, segundo a OMC. O comércio global deverá crescer 6,5% em 2005, contra os 9% do ano passado.
Petróleo puxa o aumento de importações
O petróleo e seus derivados foram responsáveis por um quarto de todo o crescimento das importações brasileiras no primeiro trimestre. Na comparação com o mesmo período no ano passado, as compras externas do País aumentaram em US$ 2,8 bilhões. Deste total, US$ 700 milhões vieram do crescimento das importações dos combustíveis. Os valores foram calculados pela Concórdia Corretora de Valores, num estudo feito pelo economista Eduardo Velho.
Segundo o levantamento, mantida a cotação do barril de petróleo entre US$ 50 e US$ 55 ao longo de 2005, as importações do produto e seus derivados ficarão entre US$ 12,5 bilhões e US$ 15 bilhões este ano, respectivamente entre 21% e 46% acima do valor das compras do ano passado, que somaram US$ 10,3 bilhões.
Velho explica que a deterioração da balança comercial do petróleo, motivada basicamente pelos aumentos da cotação externa do produto, é ofuscada pelo desempenho de outros setores no comércio exterior. Alguns exemplos são os setores de mineração, siderurgia e material de transporte, que vêm registrando forte desempenho exportador. O economista destaca que o aumento da produção interna de petróleo tem sido importante e ameniza o cenário.
No mês passado, por exemplo, a produção nacional atingiu a média de 1,57 milhão de barris por dia, um crescimento de 5,6% em relação a março de 2004 e de 3,1% com relação a fevereiro. A expectativa da Petrobras é de que haja um aumento de 14% no volume de produção por causa do início das operações de quatro plataformas. A esperada auto-suficiência na produção nacional deve ser atingida no início do ano que vem, mas o Brasil continuará importando petróleo para produzir derivados considerados mais leves, como óleo diesel e gás liquefeito.