O Brasil suspendeu temporariamente as importações de trigo procedente dos Estados Unidos. O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Luiz Carlos de Oliveira, informou hoje (29) que a proibição foi determinada na sexta-feira, depois que o Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa) informou às autoridades brasileiras que um carregamento de trigo americano, importado pela Cargill Trading, estava contaminado pela Cirsium arvence – um tipo de erva-daninha que se propaga facilmente, afeta a produtividade das lavouras e pode contaminar outras culturas, como a soja.

A detecção desse novo tipo de praga nos Estados Unidos acaba limitando as alternativas de importação para as empresas brasileiras, na medida em que também estão sendo encontradas pragas no trigo procedente da Europa. Desde o dia 4, cerca de 90 mil toneladas de trigo importadas da Ucrânia encontram-se armazenadas nos portos de Fortaleza, Salvador e São Paulo, por apresentarem contaminação pelo fungo Alternaria triticina.

Representantes da Cargil estiveram hoje com o secretário  informando o Ministério da Agricultura sobre a contaminação da carga. Oliveira disse que a suspensão foi determinada porque este tipo de erva daninha não existe no Mercosul e não há tratamento fitossanitário para exterminá-la. E, portanto, nenhum país do bloco pode correr o risco de importar um produto passível de contaminar as lavouras locais.

O governo está buscando alternativas, com as autoridades sanitárias dos EUA, para dar continuidade às importações de trigo americano. Uma das alternativas propostas e que foi avaliada hoje, com o representante no Brasil do APHIS (Departamento de Inspeção de Saúde Animal e Vegetal), órgão vinculado ao Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), é a realização de um exame prévio, feito em cada carregamento, no país de origem (EUA), para detectar a existência ou não da Cirsium arvense.

Quando a mercadoria ingressar no Brasil, seria realizada mais uma análise. Caso seja aceita pelas autoridades sanitárias americanas, esta alternativa terá de ser formalizada no USDA porque implicará modificação da análise de risco aprovada pelo Brasil para o trigo produzido naquele país.

O secretário informou que este tipo de erva daninha existe em todo o território norte-americano. Mas, como as autoridades dos EUA não prestaram essa informação na documentação encaminhada para aprovar a análise de risco para o trigo, o governo não sabia da sua existência.

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