O Brasil subiu no ranking da desconfiança do investidor estrangeiro, ultrapassando as Filipinas. Neste mês, bancos internacionais decidiram rebaixar os títulos da dívida externa brasileira, alegando que o risco de uma fuga de capitais cresceu bastante nos mercados emergentes, nos últimos dias.

continua após a publicidade

Nesta semana, o risco Brasil já subiu quase 7%, rompeu a barreira dos 400 pontos, atingindo o nível mais elevado desde janeiro, e assume agora a quinta colocação no ranking do banco norte-americano JP Morgan. No início deste mês, o indicador havia registrado a pontuação mais baixa desde outubro de 1997.

Entre os emergentes, o maior risco ainda é o da Argentina (5.041 pontos), que decretou o fim da moratória da dívida no início deste mês e depois convocou boicote contra a multinacional Shell por reajustar os combustíveis. Em segundo lugar, aparece Nigéria (673), seguida pelo Equador (635) e Venezuela (438).

Ontem, o risco Brasil subiu quase 1% e alcançou 424 pontos, ficando mais próximo do patamar do quarto lugar (Venezuela). Além das Filipinas (400), Colômbia (370), Panamá (275) e Turquia (270) possuem risco menor que o do Brasil.

continua após a publicidade

A mudança da percepção do risco dos emergentes pelos estrangeiros ocorreu devido à elevação dos juros pagos pelos títulos do Tesouro dos EUA. Os bancos passaram a vislumbrar neste mês o risco de fuga de recursos de emergentes para esses papéis.

De 4% no início do ano, a taxa paga pelos papéis do Tesouro americano com vencimento em dez anos está no nível mais elevado desde julho de 2004 (acima de 4,50%). Para os economistas, essa taxa acima de 4% torna menos atraente a aplicação dos estrangeiros nos emergentes, principalmente no Brasil, que lidera esse mercado em volume de negócios.

continua após a publicidade

Neste mês, já rebaixaram recomendações para os títulos brasileiros instituições financeiras como Merrill Lynch (EUA) e Deutsche (Alemanha). Esse último citou também uma piora do quadro político do Brasil, após a derrota do governo Lula na eleição da presidência da Câmara.

Na prática, um patamar mais elevado do risco-país desestimula empresas e bancos que tomam dinheiro emprestado no exterior, pois esse indicador serve para balizar o custo dos financiamentos, como nas captações de recursos por meio da emissão de bônus.

Na crise de confiança com a eleição presidencial em 2002, o risco Brasil chegou a superar 2.400 pontos, ou seja, os bancos estrangeiros fecharam as torneiras do crédito para as empresas. Na época, isso reduziu a oferta de divisas no País e fez o dólar bater em R$ 4. O menor risco Brasil da história foi de 337 pontos, alcançado em 22 de outubro de 1997.