Foto: Arquivo |
Vacinação contra a aftosa no Paraná: Estado já está sem a doença há dois anos. |
Porto Alegre – Alcançar o status de área livre de febre aftosa em todo território nacional até o fim do ano que vem é o desafio do Departamento de Saúde Animal (DSA), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que coordena o Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA).
As ações e as estratégias para erradicar essa doença nos países da América do Sul foram avaliadas, esta semana, na 35.ª Reunião da Comissão Sul-Americana de Luta Contra a Febre Aftosa (Cosalfa), em Porto Alegre (RS).
A febre aftosa chegou ao Brasil por volta do ano de 1870. Os primeiros casos foram registrados no Rio Grande do Sul. A incidência da doença no Brasil estava relacionada a uma grande epidemia ocorrida na Europa, onde era conhecida desde 1546, e resultou da importação de bovinos do velho continente.
O combate à febre aftosa, de forma organizada, começou no Brasil em 1919. Mais tarde, em 1934, o Governo Federal aprovou o Regulamento do Serviço de Defesa Sanitária Animal com as medidas de prevenção para as doenças dos animais, incluindo a febre aftosa.
Em 1963, o Governo Federal instituiu a Campanha Contra a Febre Aftosa (CCFA), coordenada pelo Mapa. Dois anos depois, foi implantado o Programa de Combate à Febre Aftosa, primeiramente, no Rio Grande do Sul e, em seguida, estendido aos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Goiás, Rio de Janeiro e Sergipe. Atualmente, o PNEFA abrange todas as unidades federativas do Brasil.
A febre aftosa é uma doença que preocupa os países, não por oferecer risco à saúde humana, mas pelo prejuízo econômico que traz aos criadores dos rebanhos e aos países exportadores de carne in natura. Os mercados importadores de carne se fecham ao primeiro sinal dessa enfermidade. A febre aftosa também pode atingir suínos, ovinos e caprinos, mas em menor proporção.
Sintomas
O bovino ou bubalino acometido pela aftosa apresenta febre alta que diminui após dois a três dias. Em seguida, aparecem pequenas feridas na mucosa da boca, laringe, narinas e na pele que circunda os cascos. Essas feridas liberam uma secreção repleta do vírus da aftosa e o animal passa a salivar e mancar.
Em pouco tempo, o animal deixa de comer, emagrece e apresenta dificuldade para se locomover. Animais novos, especialmente bezerros, podem morrer de forma aguda com miocardite derivada da infecção do músculo cardíaco pelo vírus. Em geral, a taxa de mortalidade dos animais é baixa, mas é alto o risco de transmissão do vírus para todo o rebanho.
Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa O Brasil possui uma população de bovinos e bubalinos estimada em 201 milhões de cabeças. Cerca de 350 milhões de doses da vacina contra a febre aftosa são aplicadas por ano, em todos os estados brasileiros, com exceção de Santa Catarina por ser um estado reconhecido como livre de aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). A campanha de vacinação é realizada em duas etapas com intervalo de seis meses.
Os produtores rurais devem ter a responsabilidade de vacinar rebanho de acordo com o calendário do estado. A conscientização dos produtores na erradicação da aftosa é fundamental, assim como a participação dos serviços veterinários estaduais na execução das campanhas. Ao Mapa, cabe coordenar as ações desenvolvidas com o objetivo de eliminar a existência do vírus da febre aftosa em todo território brasileiro.
Hoje, a febre aftosa está erradicada em aproximadamente cinco milhões de quilômetros quadrados do território nacional, área que concentra a maior parte da população bovina: mais de 180 milhões de cabeças. Acre, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo, Sergipe, parte do Amazonas e do Pará compõem a área livre de febre aftosa com vacinação.