A atual taxa de desemprego brasileira é de fazer inveja a outros países, como a Espanha, onde o resultado passa de 25%. O que deve preocupar os brasileiros nesse momento contudo, avalia o professor da USP e especialista em relações do trabalho José Pastore, é a capacidade de gerar empregos. Para ele, os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) que apontam a geração de empregos em janeiro pedem mais atenção do que a taxa de desemprego do primeiro mês do ano, divulgada nesta manhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “O Brasil tem uma taxa baixa de desemprego mais porque tem menos pessoas procurando do que porque tem mais empresas gerando emprego”, disse.

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Dados do Caged apontam que, em janeiro deste ano, foram criados 28,9 mil postos de trabalho com carteira assinada, já descontadas as demissões. O resultado foi o pior para o mês desde 2009, auge da crise internacional. “Eu não vejo a geração de emprego para 2013 com muito otimismo, vejo com uma preocupação séria. Mas o desemprego não vai explodir. Pode ficar em 5,5%, 6%”, afirmou Pastore.

De acordo com o economista, o crescimento baixo do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 afetou a geração de emprego, mas não a taxa de desemprego, pois a sociedade brasileira passou por uma mudança demográfica estrutural. “Nos últimos 20 anos, a taxa de natalidade no Brasil baixou muito, o que faz diminuir o número de pessoas que procuram emprego. Há menos jovens do que no passado e eles estão passando mais tempo na escola”, comentou Pastore. Para ele, isso explica em parte a baixa taxa de desemprego brasileira.

Uma mudança no atual patamar da taxa de desemprego só aconteceria, explica, caso a geração de emprego registrasse drástica baixa. “A taxa de desemprego só vai dar um salto grande se por acaso a geração de emprego despencar de uma vez, porque ela está caindo, mas ainda mantém um nível que dá para empregar.” Questionado sobre o que faria a geração de empregos cair de forma mais significativa, Pastore respondeu: “O setor que mais preocupa é a indústria, que perdeu competitividade em quase todos os seus setores”.

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Se a indústria não mostrar reação, portanto, não só a geração de emprego como também a baixa taxa de desemprego ficam ameaçadas. “Ao perder competitividade, a indústria não está conseguindo investir e, se o investimento continuar baixo, a geração de emprego na indústria seguirá muito baixa em 2013”, disse Pastore. A recuperação para o setor é esperada, mas o economista alerta que conquistar competitividade novamente “não acontece do dia para a noite”. “A competitividade depende de inúmeros fatores que, ainda que estejam sendo considerados no Brasil hoje, têm resultado demorado.”